«Ideias e fantasias utópicas, como todas as ideias e fantasias, nascem de uma sociedade da qual elas são uma resposta. Nem o mundo antigo nem o moderno são entidades imutáveis, e qualquer análise do pensamento utópico que ignore as mudanças sociais no curso da história dos tempos antigos ou dos modernos corre o risco de errar muito em qualquer ponto. Não obstante, uma análise conceptual que, para começar, englobe todo o utopismo ocidental, ainda que en bloc, pode ser útil. (…)
A mera palavra utopia sugere que a sociedade ideal não é efectiva nem totalmente atingível. Apesar disso, toda a utopia significativa é concebida como uma meta em direcção à qual podemos avançar de modo legítimo e esperançoso, uma meta não num estado vago de perfeição, mas com críticas e propósitos institucionais específicos. A utopia transcende a realidade social conhecida; ela não é transcendental num sentido metafísico. Tudo isso é que diferencia as utopias sociais do Jardim do Éden, no qual incluo as várias imagens primitivistas, quer a sociedade perfeita, simples e inocente esteja localizada no passado remoto, numa Idade de Ouro, quer num local longínquo.»
Moses Finley, Utopismo antigo e moderno
Sem comentários:
Enviar um comentário