O assistente social da Junta de Freguesia da Campanhã, José António Pinto (merece ter o nome escrito), foi à Assembleia da República receber a medalha de ouro que lhe era atribuída pelo reconhecimento do seu trabalho, pelos 65 anos do aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A medalha ficou na própria Assembleia. O senhor propôs a sua troca por um outro modelo de desenvolvimento económico, pedindo para que se pare "este processo de retrocesso civilizacional que ilumina palácios, mas ao mesmo tempo deixa pessoas a dormir na rua."
José António Pinto deixou medalha de ouro no Parlamento em sinal de protesto - RTP
As suas palavras foram aplaudidas, certamente por muitos dos que contribuem para o actual modelo de desenvolvimento económico (ou não se compreenderiam tantas palmas).
Muitas palmas que foram ouvidas igualmente no discurso de Paulo Morais, também na Assembleia da República (ver post anterior).
Faz-me pensar: mas quem aplaude o quê? Aqueles que são directamente ou indirectamente responsáveis pelas situações criticadas e que não se mexem para as alterar.
Isso não é esquizofrenia?
Será dupla personalidade?
"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)
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