"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

José Rodrigues Miguéis e Lisboa (2)


«Ao cabo de muitas caminhadas e indagações, encontraram na Rua dos Milagres de Santo António uma coisa que nem de encomenda: um prediozinho de dois andares, cuja vasta loja, de grande pé-direito, estava ocupada por um grande armazém de sacaria, quase sempre fechado. No centro da grade de ferro que protegia a bandeira da porta, em arco redondo, lia-se a data da construção: 1858 (O ano em que nasceu minha mãe!, disse ele, que não acreditava em agouros, mas em todo o caso impressionado.) A casa encostava ao morro, de forma que a loja não tinha desafogo para trás, e o primeiro andar estava separado da muralha de reforço da encosta, que quase se podia tocar com a mão, por uma estreita passagem para onde deitava as janelas.»
JRM, O milagre segundo Salomé


JRM escreve o nome da rua no plural, mas a rua é muito curta para tanto milagre que Santo António terá feito. Só lá cabe um. Não sabemos qual escolher dos vários que estão retratados nos azulejos de um dos prédios da rua.



A ter existido, a grade de ferro com a data de 1858 já passou à história. Devia ser semelhante à de 1886, que ainda resiste na vizinha Costa do Castelo.

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