"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sábado, 23 de janeiro de 2021

Cá se vai andando - O velho, o rapaz e o burro

Não me lembro de uma época tão propícia a situações, decisões e críticas que têm analogia com a história do velho, do rapaz e do burro.

Quem tem um canalzinho para comentar é rei. E para além da pandemia temos um pandemónio.

Com tantos bons capazes - tanta luminária! -, como é possível que se escolham para nossos representantes tantos incapazes?
Os capazes ficam sempre de fora ou passam a incapazes quando estão "lá dentro". E vice-versa.

Será a isto que o Júlio César se referia quando afirmava que "há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar"? Se calhar não o disse, mas não está mal achado.
"No fundo da alma dos portugueses há uma vontade de contrariar", afirmou, mais de dois mil anos depois, um inglês que escreveu sobre nós.
O Eduardo Lourenço também deve ter dito alguma coisa sobre isso...

E tudo é tão absoluto que passamos de bestiais a bestas num estalar de dedos. Voltar a bestiais já é um pouco mais difícil... Não há dedos ou estalos que cheguem.
Milagres dão lugar a maldições (que antónimo para milagre?), mas quer uns quer outras são do domínio do extraordinário e do incompreensível.

O que vale é que no nosso triste fado a culpa é sempre dos outros...
E nisto há unanimidade!

Pronto! Já aproveitei o meu canalzinho...
Porque, com o confinamento, há mais tempo e... cá se vai andando!...



sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Morrer de Covid ou de asfixia noticiosa

Parece anunciar uma tendência da moda:



A dúvida e o medo que as notícias espalham são tão maus como a pandemia.
A maioria dos comentadores devia estar confinada (e calada!).

Procuro manter-me informado, mas não é fácil.
Para manter a sanidade mental, desligo os telejornais, faço por ignorar muito do que passa nas redes sociais, as capas dos jornais e algumas notícias da rádio.

Procuro as excepções ao dramatismo de uma situação que por si já é dramática.


Manifestamente exagerado?

Penso que poder-se-ão adequar a Trump as palavras de Mark Twain, a propósito de notícias que anunciavam a sua morte.
"Parece-me que as notícias sobre a minha morte são manifestamente exageradas."

Desconfio do fim anunciado...