"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 29 de dezembro de 2013

João Domingos Bomtempo (e o arco da rua Augusta e a estátua de D. José)

Domingos Bomtempo faria anos ontem, mas hoje é que o tempo está de Sol.
Nasceu em Lisboa, em 1775, reinava D. José I, cuja estátua foi inaugurada naquele ano. Governava o já marquês, Sebastião José de Carvalho e Melo.

Nessa data ainda o arco triunfal da Rua Augusta/Terreiro do Paço não estava construído. Concebido arquitectonicamente no tempo de Pombal, só no governo de Costa Cabral (1843) foi posto a concurso, para só 20 anos depois ser executado e, em 1873, ser rematado.
Mesmo assim, o arco ficou inacabado relativamente ao projecto inicial.
Uma das estátuas que se recortam no arco é a do Marquês.

Mais sorte teve a estátua de D. José I, da autoria (não total) de Machado de Castro - o primeiro desenho para a obra é de Eugénio dos Santos.
As peripécias da construção daquela que foi a primeira estátua equestre do país também não foram poucas, até à sua inauguração, cerca de ano e meio antes da morte do rei, o qual, em dia de aniversário (6 de Junho), só assistiria a essa inauguração de uma das janelas da praça. O Marquês presidiu a essa cerimónia (tinha de ser!...) e o próprio Machado de Castro, confundido com um "pobretanas" foi corrido do local.


Domingos Bomtempo teve a sua vida de compositor dificultada pelas lutas liberais. Partidário das ideias liberais, chegou a viver refugiado no consulado da Rússia em Portugal. 
O primeiro concerto para piano foi composto no primeiro período em que viveu em Paris (1801 - 1810). 



P.S. - Do arco e da estátua lembrei-me pela imagem do vídeo e por ter visto ontem a fotografia no fb de Marina Tavares Dias, Lisboa Desaparecida


2 comentários:

  1. É mesmo. Soa "europeu". Quando vamos conhecendo os nossos compositores, vamo-nos admirando do facto de eles serem tão competentes como os compositores europeus da sua época e de maior nomeada. António Teixeira (1707-1759?) tem um Te deum maravilhoso. Francisco António de Almeida (1702-1755) tem obras de muito bom nível. Carlos Seixas (1704-1742). Mais gente no século XVII... E desconhecerei outros. Não conheço, por exemplo, a obra de Marcos Portugal.

    Desejo-lhe um novo ano com boa música, entre outras fortunas.

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