"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

terça-feira, 5 de junho de 2018

Compromisso com professores é financeiramente sustentável (18.11.2017)

Compromisso com professores é financeiramente sustentável


Reunião com sindicatos terminou depois das 5:00 após 10 horas de negociações

O Governo congratulou-se com o acordo alcançado com os sindicatos da educação para a reposição salarial do tempo de serviço congelado e diz que o compromisso assinado traduz "um modelo responsável, financeiramente sustentável".

No final da reunião de 10 horas com três estruturas sindicais representativas dos professores, a secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, e a secretária de Estado da Administração e Emprego Público, Fátima Fonseca, congratularam-se, em declarações aos jornalistas, com o acordo assinado esta madrugada, ao qual os sindicatos preferem chamar apenas declaração de compromisso.

"Congratulamo-nos duplamente porque vai permitir devolver a necessária paz social às escolas e também valorizar a classe dos professores, mas simultaneamente, porque se trata de um compromisso cujo modelo é responsável, financeiramente sustentável, permite dar passos seguros e permite não por em causa todas as soluções que têm vindo a ser encontradas. É um sucesso duplo da nossa perspetiva", disse Alexandra Leitão.

Questionada sobre os motivos da longa duração da reunião de hoje, Alexandra Leitão disse que as negociações "são coisas complexas por natureza" e que esta teve "muitos intervenientes".

"Um acordo é por definição um ganho para ambos e uma cedência para ambos, e no equilíbrio entre ganhos e cedências passa muito tempo", disse.

Do lado do Ministério das Finanças, Fátima Fonseca também destacou a sustentabilidade da solução encontrada, ainda que o modelo para concretizar a reposição salarial do tempo de serviço congelado ainda esteja por definir, sendo essa a matéria que vai voltar a juntar Governo e sindicatos à mesa das negociações já a partir de 15 de dezembro, sem estimativas de custos ainda calculadas.

"Os custos associados são custos que vamos ter que ponderar, que são custos necessariamente diluídos no tempo. A nossa tónica não está no custo, seria imprudente da nossa parte antecipá-lo, a nossa tónica está em criar um modelo que seja sustentável", disse Fátima Fonseca.

Depois de dez horas de negociação, a Federação Nacional de Professores (Fenprof), Federação Nacional de Educação (FNE) e Frente Sindical de Docentes -- que engloba oito sindicatos -- assinaram com o Governo, representado pelo Ministério da Educação e pelo Ministério das Finanças, um compromisso sobre a reposição salarial do tempo de serviço congelado e que servirá de base a futuras negociações para determinar o faseamento e condições de pagamento dessa reposição.

As negociações, que apenas se iniciaram na passada terça-feira, conheceram várias reviravoltas e discursos contraditórios, com o Governo a evoluir de uma posição intransigente que não previa qualquer descongelamento e progressão dos professores num futuro próximo para aquela que permitiu assinar a declaração de compromisso.

Pelo meio houve declarações desencorajadoras para os objetivos dos professores por parte do ministro das Finanças, Mário Centeno, e do primeiro-ministro, António Costa, uma manifestação e uma greve de professores para pressionar Governo e parlamento e propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2018, entregues na sexta-feira quando já decorria a última maratona negocial que, segundo os sindicatos, contribuíram para este desfecho.

Diário de Notícias, 18 de Novembro de 2017


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