"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Yourcenar e Bach em Eugénio de Andrade

Perto dos deuses...

«- (...) conheço-a há muitos anos e gosto muito dela. É uma mulher admirável. Na autora das Memórias de Adriano, a sagesse alia-se à simplicidade, e a elegância não se distingue da naturalidade. É uma presença serena, próxima e distante ao mesmo tempo, como se a fraternidade e a reserva fossem inseparáveis - esquecida da sua grandeza ou demasiado consciente da precaridade dela, passando leve sobre a terra, mas sem contudo perder o contacto com a sua rugosidade.

- Foi ela que aproximou a sua poesia da música de Bach?
- Do Cravo bem Temperado, e dos desenhos de Matisse, sim, foi ela. São imagens que apontam para um rigor que não sufoca o instinto, ou se prefere, imagens de "limpidez no ardor", de que Yourcenar diz conhecer poucos exemplos.»
Eugénio Andrade, Rosto precário
(Entrevista concedida a Helena Vaz da Silva - Expresso, 27/05/1978)

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