"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 9 de setembro de 2012

D. Pedro IV, o património e a importância das lideranças

D. Pedro IV
Em plena guerra civil entre liberais e absolutistas (1832 - 1834, para quem não se lembre), decorria o cerco do Porto pelas forças absolutistas, D. Pedro, decretou, em 11 de Abril de 1833, a criação do Museu de Pinturas e Estampas, com o objectivo de recolher os bens artísticos confiscados, "com vista à sua conservação e promoção da instrução pública".
Sitiado na cidade pelas tropas leais a seu irmão, que ainda tinha uma posição preponderante, D. Pedro preparava o futuro que resultaria da sua vitória.
Recorde-se que a extinção das ordens religiosas iria levar à incorporação dos bens dos conventos masculinos na Fazenda Nacional.
O Museu de Pinturas e Estampas esteve na origem do actual Museu Nacional de Soares dos Reis e começou por ser dirigido pelo pintor José Baptista Ribeiro.

Alexandre Herculano
Ainda durante o cerco foi fundada a Biblioteca Pública Municipal do Porto, tendo sido nomeado seu segundo bibliotecário Alexandre Herculano (decreto de 17 de Julho de 1833). Alexandre Herculano tinha instruções para proceder à selecção, inventário e recolha dos bens dos fundos monásticos. Em 1838 publicaria Monumentos Pátrios, obra pioneira no pensamento sobre a preservação do património.


Hoje não vivemos em guerra civil (apesar de parecermos cercados). Acontece que o miserabilismo político, financeiro e cultural - a pobreza de espírito - deixa o nosso património em risco, revelando uma confragedora falta de visão. Neste contexto, o Secretário de Estado da Cultura desapareceu em combate.

Sem comentários:

Enviar um comentário