"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Empurrar os problemas com a barriga e proteger os barrigudos

Correio da Manhã, 7 de Agosto de 2013

A festa continua.

Em 2012 tinha sido notícia que o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) perdera mais de 1,5 mil milhões de euros num ano. A razão foi um investimento de alto risco feito na bolsa.
O FEFSS corresponde a uma parte do salário dos trabalhadores - uma pequena % da sua contribuição para a Segurança Social - que deve garantir, em caso de falha de pagamento das pensões através das contribuições "normais", os direitos dos reformados, pensionistas e desempregados durante 2 anos.

Os últimos governos terão desviado verbas da Segurança Social para pagamento de despesas correntes. 
Em 2011, quando da campanha eleitoral, Passos Coelho indignava-se com o Governo de Sócrates porque este teria sugerido a hipótese de usar verbas da Segurança Social para comprar dívida pública nos leilões das novas emissões. 

No último dia como ministro das Finanças, Vítor Gaspar, através de um despacho feito quase às escondidas - mas obrigatoriamente com a concordância de Passos Coelho - decidiu que a Segurança Social, o tal FEFSS, terá de adquirir 4,5 mil milhões de euros de dívida soberana. Aquilo que antes era um sacrilégio.
O objectivo será reduzir as necessidades de financiamento em 2014 e procurar melhorar as condições de acesso ao programa de compra de obrigações do BCE.

Como é costume em Portugal, resolve-se um problema a curto prazo, arranjam-se problemas a médio e longo prazo. 
Por políticas tortas, o dinheiro da Segurança Social é gasto, depois afirma-se que a Segurança Social é insustentável. O médico do Raul Solnado mandava-o tossir para depois lhe dizer que o seu mal era a tosse.
Cortam-se as pensões dos funcionários públicos, que são os culpados de tudo, mas... vão-se arranjando excepções (para aqueles que mais podem!).

TVI 24, 7 de Agosto de 2013

P.S. (já de 8 de Agosto):

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Jornal de Negócios


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