"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Faz falta conhecer a História

«D. Francisco [de Portugal, 3.º Conde de Vimioso] via com grande inquietação os outros vedores enumerarem as já tão parcas riquezas do reino a que o Desejado se preparava para deitar a mão, a fim de sustentar a sua custosa cruzada, deixando de fora os particulares e todos aqueles que maiores bens possuíam e mais mercês haviam acumulado (...)»
Diana Barroqueiro, D. Sebastião e o vidente

Não sei se terá sido a melhor opção, nestes tempos de uma pátria "metida no gosto da cobiça e na rudeza duma austera, apagada e vil tristeza", ler este D. Sebastião.
Ler, sobretudo, a parte final do livro - O Cavaleiro do Desastre - que não pode deixar de causar engulhos pela similitude de situações e formas de agir, pela inconsciência/falta de preparação de quem governa, desconhecimento das realidades sobre as quais se quer intervir, incapacidade de ouvir, pensar e agir, tendo em consideração o que deveria ter sido incorporado de conhecimento.

A forma de gastar também é nossa velha conhecida.
E no pessimismo, aparentemente só a fé nos deuses aguenta os mais lúcidos.

«(...) D. Francisco seguiu-o, imerso em negros pensamentos, rogando a Deus a graça de inspirar à Monja de Lisboa um vaticínio que o fizesse desistir ou pelo menos adiar para tempos de maior abastança a sua onerosa empresa, pois só um portentoso milagre poderia salvar o reino, se D. Sebastião persistisse em arruiná-lo com as medidas que ali tinham sido propostas e não tardariam a ser aplicadas aos seus já tão empobrecidos vassalos.»
idem

O livro é já de 2006, pelo que não se pode dizer que a autora foi influenciada pela crise.
Quanto aos governantes... deviam ler mais e conhecer melhor a História. Fazia-lhes bem! Podia ser que aprendessem alguma coisa.

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