"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Gérard Castello-Lopes - Capturar o momento significante

Morreu o homem que pretendia "capturar o momento significante" e que gostava de fotografar charcos.

Auto-didacta, quando se iniciou na arte fotográfica (década de 1950), não fazia uma fotografia socialmente pacífica: «A opressão, a tristeza, a miséria que quis fotografar em pleno Estado Novo, isso para mim era uma provavelmente errada obrigação moral de dar testemunho.»
Em 2004, a Assírio & Alvim editou "Reflexões sobre Fotografia", uma recolha de textos produzidos por Gérard Castello-Lopes para conferências e publicações.

«Com vagar, sem voracidade, Gérard não metralhava, compunha. Assim tratou a fotografia como uma grande arte.»    António Barreto

Com um percurso irregular - dedicava-se a várias actividades e teve largos períodos em que não fotografou - encontrou a "felicidade paradoxal", um momento de milagre, no click único de um rochedo.

 “Consegui fotografar a pedra e o contrário da pedra, isto é, o peso e a ausência de peso. A pedra foi uma espécie de oferta de Deus.”

«E o que acontece hoje é que ninguém pode fazer confiança em nenhuma fotografia, porque os computadores permitem recompor, obliterar, recontrastar, corrigir as cores... O que faz falta é o Picasso, para se servir criativamente dessa liberdade.»   Gérard Castello-Lopes

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