27 de Setembro de 1957
«Momentos após o movimento estranho das águas ser detectado, começam a ser observados fumos de progressiva intensidade a sair do mar. Ao fim do dia, o vapor de água e as cinzas negras atingiam 4000 metros de altitude e eram visíveis de todas as ilhas do grupo central do arquipélago dos Açores. Eram as primeiras manifestações de um vulcão submarino, que se começava a erguer de uma profundidade de cerca de 70 metros.»
«O vulcão dos Capelinhos é ainda hoje um dos mais bem conhecidos e estudados em todo o mundo. Apresenta particularidades únicas. Foi um vulcão observado desde a fase do seu aparecimento como vulcão submarino, para evoluir, posteriormente, para um vulcão terrestre. Com uma actividade invulgarmente longa, cerca de treze meses, o vulcão dos Capelinhos conta-nos a história de como se formaram as ilhas açorianas e também um pouco da história da Terra.»
«Entretanto, ficaram milhares de fotografias da época que nos mostram uma realidade agora distante (...)
O que mais me fascina nessas imagens é a presença das pessoas, a forma como observam o vulcão, como ousam aproximar-se dele; ou os habitantes da área sinistrada, que assistem ao desmoronamento das suas casas e à destruição dos campos agrícolas. Vemos a altura das cinzas a crescer com o passar do tempo. Vemos a violência das explosões do vulcão, sem sentirmos o medo e o pânico dessa ameaça. E esta talvez seja a memória que fica de um vulcão que não matou ninguém, mas que gerou a desordem e o caos e que mudou para sempre a vida de milhares de pessoas.
Os processos erosivos, provocados pela acção do mar, do vento e da chuva, vão consumindo o vulcão naquele que continua a ser um invulgar documento vivo da história da Terra.»
Duarte Belo, FOGO FRIO - O vulcão dos Capelinhos
As fotografias do vulcão em actividade são da National Geographic Portugal.
As duas seguintes são do vulcão em 1994-96.
As duas últimas são da Viagem de Finalistas do 9.º 8 da Escola Básica Paulo da Gama (Amora), em 1997.
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