"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 13 de dezembro de 2015

Já posso dizer a verdade?

Hoje fui ao lançamento do livro de um amigo dos tempos do Liceu.


Fui com a satisfação de reencontrar vários colegas desses "tempos áureos do D. Pedro V!" (expressão do autor do livro), sobretudo de reencontrar o agora feliz contador de uma história verdadeira de dois gémeos portugueses que, a exemplo do cinematograficamente conhecido Schindler e do cônsul Aristides de Sousa Pereira (tardiamente reconhecido), salvaram centenas ou milhares de pessoas do Holocausto.

Quando recebi o convite do Henrique e li as informações da capa, mesmo sabendo as origens judaicas da família, pensei que fosse uma história ficcionada, um romance que seguisse as linhas dos dois casos acima indicados. E ele foi inventar uns gémeos? Não será um exagero?
Mas a história é verdadeira e familiar. Os dois heróis anónimos (pelo menos, até agora), portugueses, envolveram-se "em perigosas missões clandestinas no olho do furacão nazi".

«Ao longo da vida, os irmãos gémeos Samuel e Joel Sequerra cobriram com um manto de silêncio as suas actividades humanitárias em prol dos refugiados do pesadelo nazi. Os familiares mais próximos lamentam, ainda hoje, não saberem grande coisa sobre essa odisseia que lhes ocupou a maior parte da década de quarenta do século passado. Fez-se o que tinha que ser feito, argumentavam sempre, e ponto final.
Dar aos outros sem querer nada em troca é apanágio dos heróis. E foi isso que os gémeos fizeram enquanto arriscaram as próprias vidas na Catalunha franquista, desafiando os poderes instalados e, muitas vezes, contornando a legalidade para proporcionar uma réstia de esperança aos desesperados que cruzavam os Pirenéus em busca de paz.
Sete décadas passadas sobre o fim da Segunda Guerra Mundial, é tempo desta história ser reconhecida e aprofundada. Nunca é tarde para retomarmos a estrada do reconhecimento público e cumprir a viagem da memória.»

Parabéns, Henrique, pela tua obra.
É bom vermos os amigos concluírem com êxito as aventuras e os trabalhos em que se metem.


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