"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 12 de janeiro de 2014

Caderno de Significados

Antologia de escritos soltos de Agustina Bessa-Luís, entre 1959 e 2007, data a partir da qual problemas de saúde terão colocado ponto final sua produção literária.
«Agustina vive agora numa outra dimensão da realidade. Agustina já não gosta de livros.» escreveu Carlos Vaz Marques, em Março de 2012, na introdução à entrevista que conduziu com Alberto Luís e Mónica Baldaque, marido e filha de Agustina (revista Ler).

"Já não gosta de livros" - é uma afirmação que não pode deixar de nos abalar, quando diz respeito a alguém que toda a sua vida viveu para os livros e dos livros e que não conhecemos fora do contexto literário. Contraria a sua consciência.

«Escrevo por dom natural. Nasci escritora e tenho o gosto da escrita.
Depois vem a relação com o público e com todos estes fantasmas que são as memórias.
Comecei a considerar-me uma grande escritora desde os doze anos. Porque isso ou é muito cedo ou nunca é. Ainda não tinha publicado nada, mas já escrevia para a minha turma, mas já escrevia as redacções todas, todas diferentes. E já era a heroína da minha turma. Isso já me dava alguma consciência da minha condição de escritora.»
De uma entrevista em 2004

A grande maioria dos textos de Caderno de Significados - apontamentos dispersos, folhas soltas, cadernos, escritos nas margens dos livros... - refere-se à actividade da escrita e à literatura.
Os textos que já li são exemplares da sua dimensão criadora, "sempre em busca de atingir o mistério das coisas".

Agustina Bessa-Luís
com Sophia de Mello Breyner
e Eugénio de Andrade (anos 50)

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