"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 6 de novembro de 2011

Um passo em frente, dois Passos atrás

A Lena e, depois, a Fátima P. lembraram uma crónica de Rui Tavares sobre a situação da Bélgica (sem governo há 16 meses, à data da crónica) e a vantagem dessa situação – a crónica é de 21 de Setembro de 2011, intitula-se Vingança do anarquista, e saiu no jornal Público.

A tese de Rui Tavares é que a Bélgica, apesar de ter um défice considerável e uma dívida pública maior do que a portuguesa, está bem: “a economia belga é das que mais cresceu na zona euro nos últimos tempos, sete vezes mais do que a economia alemã”.
Isto acontece... porque a Bélgica não tem Governo. Só ter um Governo de Gestão impede a adopção de medidas de austeridade. Os mercados e os organismos financeiros internacionais que nos chupam excusam de se chatear com a Bélgica, pois ninguém lhes pode ligar e “a economia belga cresce de forma mais saudável, e ajudará a diminuir o défice e a pagar a dívida.”

Conclusão (que podemos tirar): para termos o Governo que temos, mais vale não termos nenhum.
Como diz Rui Tavares: “Se as pessoas sentem que dão - trabalho, estudo, impostos - e não recebem nada em troca, o governo está a trabalhar para a sua deslegitimação.”

E agora acrescento eu:
Mas Portugal já deu um passo em frente – Nós não temos Governo!
Infelizmente, Portugal já deu dois Passos atrás – Nós temos uma Comissão Liquidatária!

E é por isso que vamos dar com os burrinhos na água!

"Mau governo! Oh, Coiso! Vê lá para onde levas isso..."
Caricatura sobre o governo de João Franco,
no reinado de D. Carlos (que seguia no interior da carruagem)

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