"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Rachmaninov

O próprio, ao piano.
Nasceu a 1 de Abril, de 1873.


«Quando vários livros de História da Música recentes omitem pura e simplesmente o nome de Sergei Rachmaninov - ou quando algumas exaustivas enciclopédias lhe dedicam menos linhas do que aquelas que ocupam com centenas de figuras obscuras -, nem mesmo se poderá dizer que incorram na desonesta intenção de esconder um nome a vários níveis merecedor de respeito, pois a fama conquistada pelo compositor é tão concreta que o infeliz desígnio censório apenas serve para cobrir de ridículo e de descrédito os musicógrafos que insistam em tamanho disparate. 
(...)
Na realidade, Rachmaninov é um caso flagrante daqueles compositores que os falsos musicólogos odeiam, porquanto não sabem ao certo em que escola, corrente (ou mesmo época...) o deverão situar, o que dificulta altamente as imprescindíveis classificações em que alicerçam os seus pareceres.
Com efeito, eles acham que, se o músico viveu e trabalhou no século XX, seria necessário - leia-se: obrigatório - que se enquadrasse em qualquer movimento mais ou menos definido, de forma a que lhe pudessem apontar influências de atonalidade vienense, ou do folclorismo bartokiano, ou do impressionismo de Debussy, ou do jazzismo americano, ou de um certo neoclassicismo stravinskiano - ou, pelo menos, de um romantismo anacronicamente herdado do século anterior...
Mas nada! O homem não se parece com nada...»
António Victorino d'Almeida, Músicas da Minha Vida


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