"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sexta-feira, 26 de julho de 2013

A Patriarcal

Busto de D. João V
 O nosso rei-sol aliou-se à Igreja para se firmar no interior e afirmar no concerto das nações europeias.
Lisboa ganhou um Patriarca.
E quem tem um Patriarca tem de ter uma Patriarcal.

O Patriarcado foi ganho em 1716, ano em que, por especialíssima graça, uma bula de Clemente XI dividiu o território da diocese de Lisboa em duas partes: o arcebispado de Lisboa Oriental, com sede na Sé de Lisboa, e o patriarcado de Lisboa Ocidental, com sede na Capela Real do Paço da Ribeira (Santa Igreja Patriarcal).
Em 1740, nova bula deliberou a união das duas dioceses, subalternizando o arcebispado: a sede da diocese seria fixada na nova Patriarcal, a catedral metropolitana, tendo à frente D. Tomás de Almeida, o 1.º Cardeal Patriarca de Lisboa.
No Paço Real concentrava-se o poder político e o poder religioso.


Essa importância tinha de se reflectir, na lógica ostentosa da época.
O enriquecimento com os lucros fabulosos do Brasil permitiu a D. João V o constante enobrecimento dos seus palácios, em termos arquitectónicos, artísticos e decorativos. E de Itália vinham arquitectos, pintores...
À frente dos programas joaninos o "grão Federico romão" - João Frederico Ludovice, "arquitecto por excelência do reinado, fiel depositário do gosto real e seu mentor imediato".

D. Tomás de Almeida
A Capela Real do Paço da Ribeira evoluiu desde a subida ao trono de D. João V.
A sua reforma mais sumptuosa ocorreu entre 1743 e 1746, depois de se ter tornado Patriarcal e da criação papal do título de Cardeal Patriarca.
A exposição A Encomenda Prodigiosa, no Museu Nacional de Arte Antiga, é sobre os projectos e as obras da Patriarcal, que tão pouco tempo estaria erguida na sua plenitude. O terramoto de 1755 deixou-a em ruínas.
Restou a sua "extensão", a Capela de S. João Baptista, na Igreja de S. Roque, onde a exposição se prolonga.

Curiosamente, o 1.º Cardeal Patriarca, D. Tomás de Almeida, também foi anteriormente Bispo do Porto, a exemplo de D. Manuel Clemente.


O Paço Real antes do terramoto (reconstrução virtual) - 
filme exibido na exposição do Museu Nacional de Arte Antiga.


1 comentário:

  1. Áureos tempos para Portugal... Com "o enriquecimento com os lucros fabulosos do Brasil".

    É sempre uma riqueza conhecermos um pouco mais sobre a história de Portugal, que é também um pouco a nossa.
    Interessante este vídeo que possibilita imaginarmos como era Lisboa do 1755. Gostei de ver e saber.

    ;))

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