"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Classificar o inclassificável

Qual é a melhor pintura de sempre?
Qual é a melhor peça de teatro?
Qual é o melhor livro?
Qual é a melhor peça musical?
Qual é o melhor filme?

A publicação do Instituto de Cinema Britânico, Sight and Sound, reunindo um largo painel de especialistas, elege o "melhor filme de todos os tempos" de 10 em 10 anos.
Este ano, contrariando a votação das últimas cinco décadas, Vertigo - A mulher que viveu duas vezes, de Alfred Hitchcock, destronou Citizen Kane - O mundo a seus pés, de Orson Welles.


Ao fim de 50 anos, um filme do ano em que nasci (1958), ganha nas preferências a um filme de 1941.
O que tornou Vertigo o melhor ou o que tornou Citizen Kane pior, a não ser a opinião de um número limitadíssimo de pessoas, mesmo que especialistas?
Gostos podem discutir-se, mas estas "vitórias" são tão relativas que só interessam pela publicidade e só interessam a uma comunicação social que tem necessidade delas.
Provavelmente o resultado desta votação estará relacionado com a existência de uma recente versão restaurada de Vertigo, a qual está em exibição, a partir de hoje, em Lisboa e no Porto.

Como é costume dizer-se, "as sondagens valem o que valem", o que também não me parece que valha muito.
Por mim, preferia que fosse Morangos silvestres ou O sétimo selo, de Bergman (por acaso, ambos de 1957 - que bela colheita!), Amarcord ou 8 1/2, de Fellini.
Ou seja, nada de novo.
Parece que não ando a perder nada no cinema!

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