"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sábado, 7 de julho de 2012

O (des)entusiasmo por trazer novas vidas ao Mundo

Em Novembro de 2007, quando visitou o distrito da Guarda, Cavaco Silva manifestou-se preocupado com a desertificação do interior do País e questionou “Por que é que nascem tão poucas crianças? O que é preciso fazer para que nasçam mais crianças em Portugal?”. E acrescentou: “Eu não acredito que tenha desaparecido nos portugueses o entusiasmo por trazer novas vidas ao Mundo”.
Não sei se lhe explicaram as razões.
Cinco anos depois, até já mudou o Governo mas os portugueses ainda não se entusiasmaram.

Usando os dados do Centro de Genética Médica Dr. Jacinto Magalhães, relativos ao “teste do pezinho”, calcula-se que nos primeiros 6 meses deste ano terão nascido menos 4009 bebés do que no mesmo período de 2011. A confirmar-se este valor, 2012 poderá ser o primeiro ano em que o número de nascimentos irá ficar abaixo dos 90 mil, desde que há registos (há cerca de um século).

Se os especialistas em demografia e as associações de família consideram esta situação “alarmante” e “irrecuperável”, eu, não sendo especialista mas usando o senso comum, dou razão a quem não está a querer ter filhos ou a quem está a seguir o conselho do Governo – emigrar. Só prova que são pessoas realistas. Ter filhos numa sociedade como esta é uma aventura sem rede.

Alarmante e irrecuperável (para o país) é a hipótese (muito real) de continuarmos, nos anos mais próximos, com a mesma corja à frente dos destinos de Portugal.

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