Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)
terça-feira, 24 de junho de 2025
segunda-feira, 23 de junho de 2025
O dia em que "os moradores da cidade costumam fazer uma grande festa"
Fernão Lopes, a quem pertence a citação do título, referia-se aos moradores da cidade do Porto.
«Alguém sabe explicar muito bem como é que de São João Batista, um anacoreta que viveu longos anos retirado nas agruras do deserto, onde jejuava frequentemente ou se alimentava somente de gafanhotos e mel silvestre, e a quem Herodes, a pedido de Salomé, mandou cortar a cabeça, como é que, perguntava eu, de um personagem tão austero se fez um santo galhofeiro, pimpão, amorudo e, até, brejeiro?
Do que não há dúvida é que o povo o colocou no mais alto lugar do altar do seu coração e é à sua custa, ainda, que o mesmo povo lhe faz danças, acende fogueiras, enche e lança balões, se desalinha em cantigas e perde uma noite inteira desfraldando ao vento as bandeiras da folia, que, neste caso, são o alho-porro e o manjerico da tradição.
Sabemos todos que os festejos ao São João, em 24 de Junho, andam profundamente ligados ao solstício de verão (...) Uma celebração muito antiga que tinha como motivos principais o sol, o fogo, a água e as colheitas.
E sabemos também como o cristianismo soube (...) transformar as antigas festas pagãs em cerimónias cristãs. É assim que São João Batista aparece como padroeiro das antigas celebrações em honra do sol, do fogo e das colheitas.»
E na cidade do Porto, na grande festa que se realiza "no meio de grande animação e entusiasmo desabrido" (Fernão Lopes), o sítio das Fontainhas são «assim uma espécie de Meca, para onde, todos os anos, em Junho, na noite de 23 para 24, convergem os devotos da paródia a prestar culto ao mais rapioqueiro de quantos santos há na corte celestial.»
As peregrinações dos foliões começaram em 1869, quando «uma comissão de moradores do sítio tomaram a iniciativa de construir, junto ao chafariz, uma enorme cascata e à volta dela montaram tendas em que vendiam cabrito assado no espeto, com arroz de forno, arroz-doce, aletria e ainda vinho, café quente, pão com manteiga e aguardente.»
Germano Silva, Porto - Viagem ao passado e Passeios pelo Porto de outros tempos
Outro com a mania da raça!
Preferia a minha turma do Secundário
domingo, 22 de junho de 2025
Blue
22 de Junho de 1971
domingo, 15 de junho de 2025
Ensino - (o meu) fim de linha
Depois de mais de 42 anos de ensino, com o aproximar do fim do último ano lectivo, pensava como iriam ser as minhas últimas aulas na escola que conheço há quase 40 anos.
Procurava antecipar o que iria sentir quando, depois dos alunos terem saído, fechasse a porta da sala de aulas pela última vez.
Ficou tudo pelo pensamento!
Uma virose - covid de quarta ou quinta categoria! - obrigou-me a faltar nos últimos dias do ano lectivo.
Fernando Henrique Cardoso, antigo Presidente do Brasil, sociólogo, dizia que "Na História, quando se pensa que acontecerá o inevitável, ocorre o imprevisto."
Sobre o dia em que a vontade dos miúdos é, fundamentalmente, entrar no modo de férias - e a dos professores não lhes é contrária! -, tenho a vantagem de poder continuar a conjecturar ad aeternum todas as formas possíveis dos actos de encerramento da aventura docente. Sem que a natural agitação juvenil prejudique as "cerimónias"...
Não que isso figure nas minhas preocupações - o caminho está feito!
Estou no final do prazo de validade!
quarta-feira, 11 de junho de 2025
Atribulações de um Dia de Portugal
Em Dia de Portugal, há quem deite os corninhos ao sol (e não é por bom motivo).
Um grupo associado à extrema-direita agrediu o actor Adérito Lopes, do grupo teatral A Barraca.
Confesso que, para mim, foi um choque! Um sinal que "as coisas" estão a andar muito depressa.
Do que li (Público online de hoje), esse grupo pertencerá a uma organização internacional com representação em Portugal e pelo menos um dos autores do ataque aos actores d’A Barraca esteve envolvido na morte de Alcindo Monteiro, um português de origem caboverdiana, agredido no dia 10 de Junho de 1995 e que viria a falecer dois dias depois.
A referência a esse grupo - "Sangue e Honra" - faria parte do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) relativo a 2024, relatório esse que foi truncado pelo menos em sete páginas, nas quais se tratava dos problemas de segurança pública provocados por estes grupos de extrema-direita e pelo terrorismo (há quem refira o grupo "Reconquista").
Vários partidos querem o debate sobre o RASI, continuando à espera da explicação para o apagamento desse capítulo - por que razão não aparece na versão oficial que chegou ao Parlamento.
Entretanto, Xeque David Munir, o imã da mesquita de Lisboa, foi insultado no Encontro Nacional de Homenagem aos Combatentes, em Belém, para o qual foi convidado oficialmente, o que acontece desde 1995.
Os insultos partiram de um grupo que fazia a saudação nazi.
À margem das ideologias políticas, mas fruto da época, da banalização da violência, um grupo de cinco adeptos do F.C. Porto foi atacado no interior de uma viatura em que foram introduzidos engenhos incendiários, por um grupo de adeptos(?) do Sporting, após o jogo de hóquei em patins entre as duas equipas.
Resultaram dois feridos graves e três ligeiros.
Entretanto, em relação ao discurso de Lídia Jorge nas comemorações oficiais em Lagos, há uma clara divisão nos poucos locais que frequento nas redes sociais: altamente elogiado por uns, deitado abaixo por outros (geralmente em mau Português e por muita gente que não compreendeu literalmente o discurso, pelo que os dislates são muitos). Sobretudo, não entenderam a menção à inexistência de "portugueses puros" - se os bisavós são de Freixo de Espada à Cinta, que é lá isso de não ser um português puro?...
Alegra-me que nos sítios que frequento o apreço pelo discurso saia largamente vencedor. Mas esse não será o registo em todos os lados. Não verifiquei: há locais a que não me chego, sobretudo por uma questão de sanidade mental. Campeia por aí uma grande indigência mental.
Citando Lídia Jorge: «A cultura digital subverteu a regra de exemplaridade, o escolhido passou a ser o menos exemplar, o menos preparado, o menos moderado, o que mais ofende.
Um Chefe de Estado de uma grande potência, durante um comício, pôde dizer: "Adoro-vos! Adoro os pouco instruídos." E os pouco instruídos aplaudiram.»
Desejo-vos melhores dias.
Brian Wilson (The Beach Boys)
Morreu o fundador e alma dos The Beach Boys, o homem dos Pet Sounds.
terça-feira, 10 de junho de 2025
Seguidores de ídolos fantasmas
«Nos dias que correm, trata-se do surgimento de um novo tempo que está a acontecerá escala global. Porque nós, agora, somos outros.
Deslocamo-nos à velocidade dos meteoros e estamos cercados de fios invisíveis que nos ligam para o espaço. (...) O poder demente aliado ao triunfalismo tecnológico faz que a cada dia, a cada manhã, ao irmos ao encontro das notícias da noite, sintamos como a Terra redonda é disputada por vários pescoços em competição, como se, mais uma vez, se tratasse de um berloque.
E os cidadãos são apenas público que assiste a espectáculos em écrans de bolso. Por alguma razão, os cidadãos hoje regrediram à subtil designação de seguidores e os seus ídolos são fantasmas.»
Sem cor de virtude
A bordo de "Os Lusíadas", por 40 apeadeiros
Em Dia de Camões, no Ano em que comemoram os 500 anos do seu nascimento (a ter sido, de facto, em 1525!), o Público edita uma "proveitosa travessia" que sintetiza Os Lusíadas em 40 episódios - os 40 apeadeiros - com cativantes recursos gráficos* e transcrição de passagens.
Os Lusíadas com paragem em 40 apeadeiros
Trabalho de Luís Miguel Queirós, Francisco Lopes e José Alves
quarta-feira, 4 de junho de 2025
Eduardo Gageiro (1935 - 2025)
terça-feira, 3 de junho de 2025
Pierre Nora (historiador), 1931 - 2025
É “um vasto estudo colectivo do património francês como marca identitária” (Francisco Bethencourt), que, pretendendo reflectir sobre o colectivo, a memória e a identidade, acabou por criar o conceito de lugares de memória.
segunda-feira, 2 de junho de 2025
Pink Floyd, Obscured by clouds
Há 53 anos, a edição de Obscured by Clouds.
Álbum poucas vezes referido, mas ainda da fase áurea dos Pink Floyd.
Obscured by Clouds
Uma situação muito comum nos dias que correm...
domingo, 1 de junho de 2025
Exposição "Venham mais cinco" - Almada
quarta-feira, 21 de maio de 2025
De preferência em silêncio...
Não consigo ouvir o discurso dos "cheganos" "chegófilos".
Está acima das minhas capacidades físicas e psicológicas: há um irritativo, pela forma e pelo conteúdo. Aceleram-se-me os batimentos cardíacos...
Uma jornalista lembrou uma frase de Salgueiro Maia, em entrevista ao Expresso, antes das eleições de Abril de 1975: «Não há limites para as possibilidades de opção, e se o povo quiser ir para o inferno, é para o inferno que iremos.»
Posso ir para o inferno, mas prefiro ir em silêncio...
(muito menos cantando e rindo)
terça-feira, 20 de maio de 2025
segunda-feira, 19 de maio de 2025
Prognósticos só no fim do jogo!
Estou a descobrir que, afinal, no PS, quase todos sabiam que a estratégia de Pedro Nuno Santos não era a melhor.
Mas não lhe devem ter dito nada...
domingo, 18 de maio de 2025
Que faremos nós, filho, para que a vida seja mais que a cegueira e cobardia?
«Vais crescendo, meu filho, com a difícil luz do mundo.
Não foi um paraíso, que não é medida humana, o que para ti sonhei.
Só quis que a terra fosse limpa, nela pudesses respirar
desperto e aprender que todo homem, todo, tem direito a sê-lo inteiramente até
ao fim. Terra de sol maduro, redonda terra de cavalos e maçãs, terra generosa,
agora atormentada no próprio coração; terra onde teu pai e tua mãe amaram para
que fosses o pulsar da vida, tornada inferno vivo onde nos vão encurralando o
medo, a ambição, a estupidez, se não for demência apenas a razão; terra
inocente, terra atraiçoada, em que nem sequer é já possível pousar num rio os
olhos de alegria, e partilhar o pão, ou a palavra; terra onde o ódio a tanta e
tão vil besta fardada é tudo o que nos resta; abutres e chacais que do saber
fizeram comércio tão contrário à natureza que só crimes e crimes e crimes
pariam.
Que faremos nós, filho, para que a vida seja mais que a cegueira e cobardia?»
Depois da missa, deu-lhe para a modéstia
Dia Internacional dos Museus 2025
sábado, 17 de maio de 2025
17 de Maio (com o Sporting campeão)
Confirmou-se...
Mas hoje será o dia em que mais facilmente aceito o título do Sporting:
Porque alguém, no seu 100.º aniversário, ficaria feliz...
Essa ânsia de amor de toda a tua vida é uma onda incandescente.»
António Ramos Rosa, Mãe
sexta-feira, 16 de maio de 2025
A fotografia vencedora do World Press Photo 2025
Ridiculamente patético!
domingo, 11 de maio de 2025
Tendências...
Prognósticos, só depois de...! Mas...
Prevejo uma semana em que, no final, deverei ter dois desapontamentos: um mais fútil, o futebolístico, outro mais relevante, o político.
As duas situações em tempos idos...
sábado, 10 de maio de 2025
Oh, não!
sexta-feira, 9 de maio de 2025
9 de Maio - Dia de uma aristocrata decadente
Dia da Europa, uma pseudo-potência iludida, à margem por auto-submissão.
O mapa-mundo deve ser visto de outras perspectivas, não com a Europa no centro.
quinta-feira, 8 de maio de 2025
Dia da Vitória na Europa
Com clave, para acertar a altura das notas musicais
Quando tanto se fala de conclave, as claves... para estarmos mais afinados, mais consensualizados na música, sem fumo preto.
As claves musicais são os símbolos que aparecem no início das pautas com a função de indicar a altura das notas - mais graves ou mais agudas.
Existem três claves principais: a clave de sol, a clave de fá e a clave de dó. Cada uma delas com uma forma diferente e uma história curiosa por detrás.
A clave de sol é a mais usada. O seu símbolo poderá ter origem na letra “G” que os monges copistas usavam para indicar a nota sol, muito frequente nos cantos gregorianos. Outra teoria é a de que ela vem de um símbolo que representava um chifre de carneiro, que era um instrumento musical antigo. Ainda há quem diga que é uma evolução de um sinal que indicava a palavra “gamma”, o nome da nota sol em grego.
A clave de fá tem o formato de um “F” meio torto, e se apoia na quarta linha da pauta, indicando que ali está a nota fá da terceira oitava.
Uma das teorias sobre a sua origem é a de que deriva de uma cruz que os músicos usavam para
indicar a nota fá, que era a primeira nota da escala hexacordal, um sistema
musical antigo. Outra teoria é que ela vem de um símbolo que representava um alaúde. também pode ser a evolução de um sinal que indicava a palavra “fa”, que era o nome da nota fá em
latim.
A clave de dó tem o formato de um “C” meio estilizado, e pode aparecer em diferentes posições na pauta, dependendo do instrumento ou da voz que se quer representar. A partir dessa referência, como as outras claves, podemos identificar as outras notas na pauta, seguindo a mesma sequência da escala natural ou diatónica, que é a base da música ocidental.
A clave de dó deriva da letra “C” que os frades copistas usavam para indicar a nota dó, que era a nota central da escala hexacordal.
As claves, pessoalmente, não me servem para nada. Mas ainda bem que muita gente sabe escrever/fazer música, com agudos, graves ou intermédios. Com claves...
É um gosto ouvir!