"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Raquel Soeiro de Brito - o assombro dos 100 anos

Há cinco dias, a geógrafa Raquel Soeiro de Brito - a primeira mulher a doutorar-se em Geografia (1955) e a 12.ª a doutorar-se em Portugal - cumpriu 100 anos de idade.

Tem uma longa e brilhante carreira, mantendo-se activa.

«A pessoa envelhece quando deixa de gostar da vida. Isso é muito mau, porque uma pessoa pode ser velha aos 100 anos, como pode ser velha aos 20. É muito complicada essa coisa de dizer “eu sou velha”.

Ao Público revelou um sonho não concretizado: “Gostava de ter ido à Lua.”


Destacou-se no acompanhamento que fez da erupção do vulcão dos Capelinhos, para além de outras "expedições" geográficas, sempre com o Prof. Orlando Ribeiro. 
«Porque o meu interesse era conhecer o mundo e as pessoas. E só se conhece o mundo e as pessoas com investigação. Conhecer o mundo através dos outros já é qualquer coisa, mas não é o nosso mundo. Um geógrafo precisa de ver o mundo pelos seus olhos. É preciso ter a capacidade - que nem toda a gente tem - de ver e de ouvir, para poder ser investigador.»


Considera que o estudo no terreno da erupção do vulcão dos Capelinhos, que filmou apaixonadamente, foi o momento mais espantoso da sua vida científica.
Do vulcão diz que “É um filhote, um filhote violento.”

«Tenho visto muitas coisas, mas com perigo iminente à minha frente, a uma distância como estou de si, foi só com este vulcão. É como um toureiro diante de um touro, que passa com a capinha e está mesmo nos cornos do touro. É uma sensação absolutamente de fascínio. Estava com a câmara virada e houve uma explosão lindíssima. Espantosa. Com aquela impetuosidade, houve uma quantidade de explosões que duraram quatro horas seguidas. Eu não tirava os olhos. Não podia sair, a ponto de os bombeiros pegarem em mim debaixo dos braços e me levarem.»



Regressou aos Capelinhos em 2021.


Abençoada vida!


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