Há cinco dias, a geógrafa Raquel Soeiro de Brito - a primeira mulher a doutorar-se em Geografia (1955) e a 12.ª a doutorar-se em Portugal - cumpriu 100 anos de idade.
Tem uma longa e brilhante carreira, mantendo-se activa.
«A pessoa envelhece quando deixa de gostar da vida. Isso é muito mau, porque uma pessoa pode ser velha aos 100 anos, como pode ser velha aos 20. É muito complicada essa coisa de dizer “eu sou velha”.
Ao Público revelou um sonho não concretizado: “Gostava de ter ido à Lua.”
Destacou-se no acompanhamento que fez da erupção do vulcão dos Capelinhos, para além de outras "expedições" geográficas, sempre com o Prof. Orlando Ribeiro.
«Porque o meu interesse era conhecer o mundo e as pessoas. E só se conhece o mundo e as pessoas com investigação. Conhecer o mundo através dos outros já é qualquer coisa, mas não é o nosso mundo. Um geógrafo precisa de ver o mundo pelos seus olhos. É preciso ter a capacidade - que nem toda a gente tem - de ver e de ouvir, para poder ser investigador.»
Considera que o estudo no terreno da erupção do vulcão dos Capelinhos, que filmou apaixonadamente, foi o momento mais espantoso da sua vida científica.
Do vulcão diz que “É um filhote, um filhote violento.”
«Tenho visto muitas coisas, mas com perigo iminente à minha frente, a uma distância como estou de si, foi só com este vulcão. É como um toureiro diante de um touro, que passa com a capinha e está mesmo nos cornos do touro. É uma sensação absolutamente de fascínio. Estava com a câmara virada e houve uma explosão lindíssima. Espantosa. Com aquela impetuosidade, houve uma quantidade de explosões que duraram quatro horas seguidas. Eu não tirava os olhos. Não podia sair, a ponto de os bombeiros pegarem em mim debaixo dos braços e me levarem.»
Regressou aos Capelinhos em 2021.
Abençoada vida!





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