«Ele nasceu não num lugar, mas numa inquietação que atravessaria a sua existência inteira, uma respiração do mundo que só a poesia poderia decifrar.
Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu, eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia só para filmar Herberto no instante em que atravessava os pátios da Faculdade de Letras, onde estudava Filologia Românica. A câmara aproximar-se-ia devagar, quase com reverência, captando o jovem que escutava os murmúrios do mundo antes de o transformar em palavra viva. Ele caminhava como em “Os Passos em Volta”, atento a cada sombra, a cada pausa da luz sobre a pedra, como se pudesse sentir a língua do mundo a vibrar sob os seus pés.

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