"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 8 de outubro de 2023

Os portugueses cresceram 3 cm

O Prémio Nobel da Literatura para José Saramago foi há 25 anos.

 

«O Prémio Nobel não tem nenhuma espécie de caderno de responsabilidades. Trata-se apenas de ir lá, receber a medalha, o diploma, o dinheiro, e se quiser fica-se por aí. A academia sueca não nos pede explicações sobre como estamos a viver esse prémio. Mas pensei que as minhas obrigações iam muito para além do literário. O prémio era para um escritor, para a literatura, para um certo modo de fazê-la, pensá-la, criá-la. Mas também era um prémio para Portugal. Quando disse então que "os portugueses tinham crescido três centímetros" - todos nós nos sentimos mais altos, mais fortes, mais formosos até. Só havia uma coisa a fazer: era viver e fazer viver o mais intensamente possível as consequências do prémio. (...) Não quer dizer que tenha andado por aí como embaixador da cultura portuguesa, há pessoas muito mais responsáveis e com mais razões que podiam assumir-se como tal. Mas fiz tudo aquilo que podia. Cansei-me, pois cansei-me. Viagens longuíssimas, cerimónias, recepções, muitos apertos de mão, muitos sorrisos, e eu sou todo ao contrário, mas compreendia que havia de engolir até ao fim. (...) Felizmente para mim, nada disso me subiu à cabeça.»

José Saramago em entrevista à revista Visão, em 2008.



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