"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quarta-feira, 28 de junho de 2023

À atenção de Luís Montenegro

Aposta na 3.ª idade?

Segundo o prof. Cavaco Silva (acreditando na transcrição do DN online de ontem, a qual deixa a desejar quanto ao Português usado e quanto às datas referidas), Eduardo Catroga «demonstrou bem claro que, na sua mente, entendia que [n]a situação em que o país se encontrava era essencial que a utilização dos instrumentos das políticas orçamental, monetária, cambial e de rendimentos fossem acompanhadas [por] políticas estruturais de modo a reforçar, numa perspetiva de médio e longo prazo, o crescimento potencial da economia e a eficiência económica e competitividade das empresas».

Parece-me o trivial!... (mas eu não entendo de finanças!)

Só à terceira tentativa, o economista terá aceitado o convite para ser ministro de Cavaco Silva, substituindo Jorge Braga de Macedo, envolvido em escândalos mediáticos de utilização "dúbia" de subsídios do IFADAP.
Foi Ministro das Finanças nos últimos 2 anos de Cavaco Silva como 1.º Ministro (7.12.1993 a 28.10.1995), a fase "descendente" do líder do PSD (deixá-lo-ia de ser em breve, conforme o próprio tinha antecipado, após 10 anos de chefia do Governo).

O elogio é natural numa cerimónia em que era atribuído o título de Economista Emérito a Eduardo Catroga, numa homenagem da Ordem dos Economistas.
Mas quando Cavaco destaca a visão do seu ex-Ministro "na situação em que o país se encontrava" (expressão normalmente usada para situações menos positivas) e o enaltece por ser "o impulsionador do lançamento da economia portuguesa em bases sustentáveis", o que (não) foi feito nos 8 anos anteriores pelos outros ministros das Finanças?
E a economia portuguesa ficou com bases sustentáveis? 
Um estudo publicado pelo Banco de Portugal sustenta que "de 1995 até agora [2019, a data do estudo], o PIB per capita português não se aproximou da média da UE" - Como Portugal parou de convergir a partir de 1995 e foi ultrapassado a Leste
"O Banco de Portugal diz que o problema está no crescimento baixo da produtividade e assinala que, ao nível europeu, existe uma dificuldade “em manter ritmos de crescimento económico elevados a partir de determinado patamar de rendimento”.

No meio das alfinetadas aos actuais governantes, distraiu-se e autocriticou-se?

Cavaco Silva (e muita comunicação social), na sua campanha anti-PS, reflecte uma nostalgia abstrusa.


Sem comentários:

Enviar um comentário