"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Expresso - 50 anos

"Expresso, um jornal para saber ler" (as linhas e as entrelinhas).

O slogan era do próprio jornal, os parêntesis são meus, a propósito de um tempo em que nem tudo se podia dizer.


No Sábado 6 de Janeiro de 1973, saiu o primeiro número do semanário Expresso
Foram 60 mil exemplares (a 5$00).

Como seu fundador, director e principal proprietário, Francisco Pinto Balsemão, deputado da "ala liberal", em ruptura com o regime depois de várias batalhas perdidas em torno da liberdade de expressão, do direito de e à informação e do fim da censura.

A manchete do primeiro número revelava que 63% dos portugueses nunca tinham votado.

O jornal contava com uma coluna de opinião de Francisco Sá Carneiro, outro dos deputados liberais, e a redacção era chefiada por Augusto de Carvalho.

Marcelo Rebelo de Sousa, Francisco Pinto Balsemão e Augusto de Carvalho

Um mês depois, nas páginas do jornal, MRS (Marcelo Rebelo de Sousa) estreou-se na análise política (o que nunca deixou de fazer até agora!).

Sujeito à censura, como toda a imprensa, muitos foram os cortes que sofreu até ao 25 de Abril. 
"Se o 25 de Abril não tivesse acontecido, o Expresso teria acabado!" (Francisco Pinto Balsemão).

O record de vendas verificou-se em Outubro de 2006: 202 108 exemplares.

Expresso: um jornal que foi uma lufada de ar fresco na balofice do anterior regime e referência do jornalismo português - não o será tanto actualmente, mas é verdade que toda a imprensa (a escrita em especial) vive um momento crítico. A sua qualidade (rigor, pertinência, independência) é muito questionável.  

Penso no carácter que tinha muito jornalismo na época em que não havia cursos superiores de comunicação social...


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