"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Martinho da Arcada


A 2 de Janeiro de 1782*, abriu, nas lojas de um dos primeiros edifícios construídos na Praça do Comércio após o Terramoto de 1755, aquele que se transformou no actual café-restaurante Martinho da Arcada, com o nome de Casa da Neve, vendendo bebidas e sorvetes. Sucederam-se outras designações: Casa de Café Italiana, Café do Comércio, Café dos Jacobinos, Café da Arcada do Terreiro do Paço...


Em 1829, um novo dono, Martinho Bartolomeu Rodrigues, deu-lhe o seu próprio nome, passando a chamar-se Martinho da Arcada para o distinguir do café homónimo do antigo Largo Camões (actual Largo de D. João da Câmara), pertencente ao mesmo gerente.

Foi paragem obrigatória para governantes, artistas e intelectuais, e local de tertúlias. 
Foi a segunda casa do seu cliente mais famoso: Fernando Pessoa. A sua mesa, ex-libris da casa, continua reservada no recanto onde passou tardes a escrever.



Foi aqui, no dia 27 de Novembro de 1935, que Fernando Pessoa e Almada Negreiros se sentaram, beberam um café, conversaram durante algumas horas e se despediram. Três dias depois, Pessoa morreria no Hospital de São Luís dos Franceses e este encontro ainda hoje é recordado como a última vez que o poeta entrou no seu local favorito, em Lisboa. 


* Também encontrei o ano de 1778 como a data fundadora, sendo que em 1782 também vendia bilhetes para as carreiras de sege entre o Terreiro do Paço e Belém.


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