"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

segunda-feira, 23 de março de 2020

A quarentena da leitura

«Há gente dentro dos livros. Tem um modo de vida que se traduz em história, humanidade, sonho, riso, sorriso e também nos seus contrários. Por exemplo, a dor da memória, a tragédia na própria pessoa ou na dos outros. Pessoas como nós, evidentemente. Mas o melhor dos livros talvez seja tanto o prazer da sua escrita como a sua linguagem criada por nós para os outros. Essa gente que vive dentro dos livros nunca diz que se sente só – esteja ela em casa, num lugar mais estranho ou num tempo de excepção ao próprio quotidiano. Leiam como essa gente respira, ela que vive dentro, na alma e na palavra do livro. Fala para nós, vê-nos, aponta-nos o dedo ao pensamento e ao coração. Afinal ela somos nós. O livro é um espelho onde se mira a condição humana. Ler livros foi a melhor dádiva que recebi da vida. A leitura ajuda, e muito, a sair de uma realidade para outra. Sempre com a possibilidade de um regresso a nós mesmos. Ora leiam também como eu respiro.»
João de Melo



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