"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sábado, 11 de agosto de 2018

O que lemos e o que a leitura nos transforma

O Adriano que eu leio...

«Em geral, as pessoas não vêem o todo, vêem a saliência, o ângulo que se aproxima delas. As pessoas olham sempre, num livro, para a faceta que reflecte a sua própria vida.»
Marguerite Yourcenar


«A literatura pode ser transformadora, mas não necessariamente. Uma pessoa pode ler a Divina Comédia e não sentir nada, entediar-se. Porque o livro que o leitor cria lendo-o é o produto da troca entre essas palavras que estão na página e a experiência íntima do leitor. (...)
Comédia que eu leio responde a dúvidas secretas, desejos ocultos, paixões não confessadas que estão diante de mim. Então eu respondo à leitura da Comédia que me dá a possibilidade de transformação. Eu me sinto transformado depois da leitura de certos livros. Mas essa transformação ocorre porque, nos elementos que o texto me dá, eu encontrei a matéria para estimular a minha transformação. É um verbo activo o verbo "ler". É um verbo que preciso de um sujeito que quer transformar-se, que busca transformar-se.»

Alberto Manguel


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