"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Há um vazio







 



2 comentários:

  1. Quando vejo um vazio imagino-o cheio de silêncio. E quando penso em silêncio lembro-me de um poema de Hélder Macedo:

    "(Tive uma amiga que ambicionava escrever)

    Tive uma amiga que ambicionava escrever
    Poemas de silêncio
    Trabalhou muito até que conseguiu
    Organizar numa mesa de vidro transparente
    Doze folhas brancas de papel em branco
    Com uma jóia em cima de cada uma
    Para cada amigo receber
    O seu poema de silêncio
    Quando fosse encontrada no robe branco
    Da morte branca que nos oferecia

    Cheguei a tempo de salvá-la
    Fizeram-lhe a lavagem ao estômago
    Não me perdoou a alma mal lavada
    Nunca mais nos vimos
    Viaja agora de país em país
    Sem jóias sem poemas sem amigos
    E telefona-me às vezes depois da meia-noite
    Quando o silêncio raspa o vidro da janela"

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    1. Obrigado.
      És uma amiga que me envias poemas de silêncio.

      O vazio é... "cá dentro", na alma - dores que não querem ir embora!

      P.S. - Curioso que tenha a ideia de já ter usado os dois primeiros versos por aqui.

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