"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O direito das galinhas à felicidade

Em tempos já idos, era normal ouvir-se falar em "cama, mesa e roupa lavada". Agora, o lema é: "um ninho, poleiros e espaço para esgravatar".
Estas são as condições exigidas pela Comunidade Europeia para as galinhas poedeiras. E a superfície da gaiola deverá ter, obrigatoriamente, um mínimo de 750 cm2.
Por este motivo, calcula-se que os produtores de ovos em Portugal vão ter de abater cerca de 3 milhões de galinhas em Julho, data limite para cumprir a directiva comunitária, já aprovada há 12 anos.
As galinhas ou vivem em gaiolas melhoradas ou... são abatidas. Apertadas ou sem-abrigo é que não podem viver.

Sobre as condições em que vivem muitas pessoas nada se diz. Diminuírem os direitos sociais não faz diferença. Já das galinhas se exige que tenham condições para esgravatar, "espaço para satisfazer as suas necessidades".
Se calhar, se os pobres pusessem ovos, outro galo cantaria...

O que não deixa de ser curioso é que Portugal, na hipótese de abate do número indicado de galinhas, deixará de ser exportador e irá ter necessidade de importar ovos. E irá importá-los de países que não cumprem as normas que a UE exige.

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