"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

John Lodge (The Moody Blues)

Morreu John Lodge, baixista e uma das vozes dos Moody Blues.

John Lodge integrou a formação clássica dos Moody Blues, a mais conhecida, com a gravação de Days of Future Passed (1967), contribuindo para a via mais psicadélica e progressiva da banda.


I’m just a singer (in a rock’n’roll band)


Uma medida prioritária da União Europeia


terça-feira, 7 de outubro de 2025

43 anos por este rio acima...

Dizem que faz hoje 43 anos que foi lançado um dos melhores discos de sempre da música portuguesa...



Hediondo(s) terrorismo(s)

Assinalam-se hoje 2 anos de um acto hediondo de terrorismo.

Seguiram-se quase 2 anos de hediondo terrorismo de Estado.


Fernando Paulouro (1947 - 2025)

Li, há dias, a notícia de que presidiria à Comissão de Honra do jornal de que foi director (creio que entre 2002 e 2012, sucedendo a seu tio, António Paulouro, fundador do jornal), depois de já ter sido seu jornalista e chefe da redacção.

O nome Paulouro está no ADN do Jornal do Fundão e associado a uma história de luta e resistência que chegou a custar a suspensão do jornal durante 6 meses, no período do Estado Novo.

Poucos jornais fora do círculo das cidades de Lisboa e do Porto terão tido a qualidade jornalística e o destaque que o Jornal do Fundão conquistou.


Hoje, leio a notícia da sua morte.

Fiquei a saber que, no Domingo passado, Fernando Paulouro apresentara o seu último livro, As Sombras do Combatente, numa sessão realizada na Biblioteca Eugénio de Andrade (Fundão).

Essa sessão, realizada numa sala repleta, terminou com a sua leitura do poema Os Amigos, do poeta que dá nome à biblioteca.

Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham;
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria -
por mais amarga.

Os amigos de Fernando Paulouro despediram-se com uma emocionada ovação.

Fica o exemplo, num tempo em que a dignidade faz falta no jornalismo.


quinta-feira, 2 de outubro de 2025

José Cardoso Pires - centenário do nascimento


Um centenário completamente esquecido, à excepção da adaptação para cinema de Lavagante.

«E não há dúvida de que o regime passa muito bem sem os escritores. Os escritores são sempre uma espécie de tolerados, de animais marginais, que servem para dourar a festa quando é preciso e mais nada.» 
(José Cardoso Pires em entrevista a Mário Ventura, não datada, mas que deverá ser do princípio da década de 80)

José Cardoso Pires (1925 - 1998) pintado por Júlio Pomar, em 1954


Não podemos desistir das utopias

Manifestação por Gaza, hoje em Lisboa


quarta-feira, 1 de outubro de 2025

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Dia de S. Miguel

Hoje é dia de S. Miguel, um dos dias em que, na Idade Média portuguesa, se costumava pagar os tributos.

A economia medieval baseava-se em relações de dependência, onde os artesãos, os comerciantes e, sobretudo, os camponeses, sustentavam a nobreza e o clero através de diversos tipos de tributos. Estes, para além de serem muitos, eram elevados, variando conforme os acordos feitos. Enquanto os senhores cobravam taxas sobre a terra e o trabalho (algumas pagas em géneros), os reis impunham contribuições para financiar as guerras e administrar os seus reinos. A Igreja, por sua vez, exigia o dízimo (o “Tostão de Pedro”), consolidando o seu poder espiritual e material.

«O sistema tributário medieval era um espelho da hierarquia social, onde cada camada da população tinha obrigações específicas para com seus superiores.» Marc Bloch, A Sociedade Feudal



domingo, 28 de setembro de 2025

A 28 de Setembro de 1966, o Metro chegou aos Anjos

No dia 28 de setembro de 1966, foi oficialmente inaugurado o troço Rossio - Anjos do Metropolitano de Lisboa, um prolongamento de forte impacto na rede urbana.

Com cerca de 1,5 km, o novo troço acrescentou três estações: Socorro (actual Martim Moniz), Intendente e Anjos. As linhas do Metro perfaziam um total de 8,6 km, ligando 15 estações.


O revestimento azulejar da estação dos Anjos é da autoria de Maria Keil. Conjuntamente com o da estação Restauradores, constituem os únicos casos onde a autora incluiu elementos figurativos, afastando-se um pouco da orientação dada pelo Conselho de Administração, que obedecia à norma imposta pelo gabinete de Salazar.


Rogério Ribeiro foi o artista convidado para criar os revestimentos necessários quando da ampliação da estação e abertura do átrio Norte, em 1982, inovando a composição a partir do padrão base de Maria Keil que enquadra o átrio Sul.

Rogério Ribeiro já havia sido encarregue do revestimento da estação Avenida, por sugestão de Maria Keil.

A criatividade de Maria Keil, aliada à possibilidade de desenvolvimento de uma proposta barata e eficaz de colorir e caracterizar as estações, quando as verbas do Metropolitano estavam no vermelho, "animou", desde o princípio da construção do Metro, o projecto arquitectónico de Francisco Keil do Amaral, seu marido.

Até 1972-73, a decoração de todas as estações, à excepção da Avenida (já referida), foi da responsabilidade de Maria Keil.

Essas obras foram realizadas em parceria com a Fábrica Viúva Lamego, que passaria dificuldades.



Olha que três!... Andei


Fora de moda

«Creio que os blogues estão ultrapassados, sim. Mas esse é um dos factores que me atrai nos que frequento. O que passou de moda e continua a existir, vale mais: ficaram os fiéis, sem luzinhas a piscar e florinhas que abrem e fecham e demais enfeites - ficaram as palavras no mais intrínseco de si. Hoje, os blogues são lugar de sossego. Dão assunto e tempo para pensar; rasam as novidades e a notícia sem espalhafato, contam histórias verosímeis e tanta vez verídicas, opinam sem alarde. Tendemos até a julgar conhecer quem está por detrás das palavras, suposição incorrecta, ninguém é o que escreve senão em parte ínfima e tanta vez incerta. Sou pelos blogues tal como estão: existência pacata e sem alarde de quem ama a escrita.»

Bea, comentário no blog Delito de Opinião (7 de Setembro de 2025)


sábado, 27 de setembro de 2025

Bicentenário da primeira viagem de comboio

A 27 de setembro de 1825, realizou-se a primeira viagem de comboio com transporte de carga e passageiros, de Shildon a Stockton-on-Tees, passando por Darlington, na Grã-Bretanha. Foi o início de uma revolução nos transportes e na mobilidade.

Uma multidão estimada entre 40 mil e 50 mil pessoas reuniu-se no Condado de Durham, para assistir à primeira viagem ferroviária pública do mundo a utilizar locomotivas a vapor para o transporte de carga e de passageiros.

A locomotiva, a Locomotion N.º 1, puxou um conjunto de... 36 vagões.

A composição incluía um vagão construído especificamente para passageiros, chamado Experiment, mas, a julgar pela pintura que ilustra a viagem, há passageiros em outros vagões. 

Pintura de John Dobbin, representando o comboio na ponte sobre o rio Skerne

A viagem, de cerca de 42 km, chegou a alcançar a impressionante velocidade de 24 km/h, um feito de tirar o fôlego para a época e uma demonstração inegável do potencial do vapor.

Em Portugal, a primeira viagem de comboio realizou-se a 28 de Outubro de 1856. 


Quando o mar explodiu no Faial

 27 de Setembro de 1957

«Momentos após o movimento estranho das águas ser detectado, começam a ser observados fumos de progressiva intensidade a sair do mar. Ao fim do dia, o vapor de água e as cinzas negras atingiam 4000 metros de altitude e eram visíveis de todas as ilhas do grupo central do arquipélago dos Açores. Eram as primeiras manifestações de um vulcão submarino, que se começava a erguer de uma profundidade de cerca de 70 metros.»


«O vulcão dos Capelinhos é ainda hoje um dos mais bem conhecidos e estudados em todo o mundo. Apresenta particularidades únicas. Foi um vulcão observado desde a fase do seu aparecimento como vulcão submarino, para evoluir, posteriormente, para um vulcão terrestre. Com uma actividade invulgarmente longa, cerca de treze meses, o vulcão dos Capelinhos conta-nos a história de como se formaram as ilhas açorianas e também um pouco da história da Terra.»

«Entretanto, ficaram milhares de fotografias da época que nos mostram uma realidade agora distante (...)
O que mais me fascina nessas imagens é a presença das pessoas, a forma como observam o vulcão, como ousam aproximar-se dele; ou os habitantes da área sinistrada, que assistem ao desmoronamento das suas casas e à destruição dos campos agrícolas. Vemos a altura das cinzas a crescer com o passar do tempo. Vemos a violência das explosões do vulcão, sem sentirmos o medo e o pânico dessa ameaça. E esta talvez seja a memória que fica de um vulcão que não matou ninguém, mas que gerou a desordem e o caos e que mudou para sempre a vida de milhares de pessoas.


O vulcão tem a nossa idade, há um pedaço de terra que aparece em 1957 e que cinquenta anos depois já perdeu cerca de quatro quintos da sua massa. A actual fase de erosão intensa é como o dissecar de um cadáver que vai mostrando a sua génese, a matéria do seu ser, a forma como o víramos crescer e agora a transformar-se de novo em pó, a contribuir para a formação de outras rochas, num processo activo e incessante de transformação do solo.
Os processos erosivos, provocados pela acção do mar, do vento e da chuva, vão consumindo o vulcão naquele que continua a ser um invulgar documento vivo da história da Terra.»

Duarte Belo, FOGO FRIO - O vulcão dos Capelinhos





As fotografias do vulcão em actividade são da National Geographic Portugal.
As duas seguintes são do vulcão em 1994-96.
As duas últimas são da Viagem de Finalistas do 9.º 8 da Escola Básica Paulo da Gama (Amora), em 1997.


sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Tal como o esterco, a pesquisa deve ser bem curtida

Procurei saber da autoria dos versos "Com o esterco que jogam no meu quintal / adubo eu as minhas rosas.".

Pesquisando apenas pelos dois versos, a IA elucidou-me:


Insistindo com a IA, "Quem é a autora dos versos (...) ?", a IA deu-me a resposta de que se trata de Florbela Espanca.

Insistindo por outras vias, acabei por descobrir que os dois versos são o início de um poema da poetisa colombiana Piedad Bonnett, Rosas.

Conclusão: Na IA, nem tudo são rosas. 

Eu bem desconfiava que o esterco não era da Florbela Espanca!



domingo, 21 de setembro de 2025

Finalmente!...

Não consigo compreender as razões por que os governos PS não o fizeram.


A via para a paz é o calvário que se sabe...
Não tenho expectativas quanto a uma atitude consequente após o reconhecimento.


quarta-feira, 17 de setembro de 2025

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Quando as hienas se riem...


Byron Haynes, presidente do Conselho Geral e de Supervisão do Novo Banco, e António Ramalho, antigo CEO do Novo Banco (esposo de Maria do Rosário Ramalho, Ministra do Trabalho, que trabalha no novo projecto de legislação laboral... para fragilizar os direitos de quem não teve outro remédio que não fosse ser contribuinte líquido para os actuais Donos Disto Tudo poderem agora gozar dos seus direitos)

Enchi-me de coragem para ler os comentários da notícia do Público (um pouco mais de centena e meia, até ao momento).

Posso concluir que grande parte dos comentadores é anti-capitalista, mas muitos não sabem e votam em quem sustenta estas situações. 

Constato que os "Venturopithecus Cheganensis" não se manifestam neste caso, talvez por desorientação (falta de orientações do líder do gang), vá-se lá saber porquê! Só desconfio... Isto é pessoal da mesma malga! 



domingo, 14 de setembro de 2025

17 anos para o PS começar a renegar a "Milú"!

O PS deu entrada a «um conjunto de iniciativas no Parlamento que mudam as regras de eleição das direcções escolares e fomentam a participação no associativismo estudantil.»

O deputado Porfírio Silva assegurou ao Público tratar-se de uma mudança para uma “escola mais colaborativa e participativa”. Destaca o facto de a direcção evoluir para um modelo colegial, “deixando de ser eleita pelo conselho geral e passando a ser eleita por assembleia eleitoral pelo conjunto da escola”. 

Maria de Lurdes Rodrigues, em Fevereiro de 2008, considerava que o [actual] decreto de gestão iria "reforçar as lideranças das escolas, através da afirmação de uma direcção unipessoal", permitindo responsabilizar os directores das escolas. O reforço das lideranças seria também concretizado com a escolha ou designação dos coordenadores dos órgãos intermédios de gestão escolar.* 

Passaram 17 anos, mas... o mesmo partido, duas filosofias opostas. 

De Maria de Lurdes Rodrigues não guardo saudades, pelo contrário!

Eu prefiro a escola mais colaborativa e participativa.

Agora, para Porfírio Silva, um dos motivos para esta alteração está relacionado com o facto de, “em muitos sítios”, existir “uma contaminação político-partidária local no conselho geral”, que é o órgão que, actualmente, elege o director dos agrupamentos ou das escolas não agrupadas.

Se a contaminação político-partidária existe será apenas a partir da presença dos representantes das autarquias no Conselho Geral ou também das interferências permitidas no âmbito da transferência de competências para os municípios na área da educação?

O PS também irá renegar a municipalização das escolas do 2.º e do 3.º ciclo, que se desenhou, igualmente, no tempo de Maria de Lurdes Rodrigues?

O PS até tem - irá continuar a ter? - a maioria das câmaras. Reconhece erros próprios? 


* Este último ponto não sabemos como está pensado, se está, nas novas propostas do PS.

Hermeto Pascoal (1936 - 2025)

Morreu Hermeto Pascoal, músico, arranjador e produtor musical.

Ao longo da sua carreira, colaborou com inúmeros e enormes nomes como Miles Davis, Chick Corea, Elis Regina, Airto Moreira e outros.

Tinha agendados quatro concertos em Portugal, no próximo mês de Fevereiro.

Músico imprevisível - Elis Regina que o diga, no Festival de Montreaux, quando Hermeto a acompanha ao piano... 

... e de múltiplos recursos.

A provar: Quando pensas que ele vai beber café!...


Flautista fabuloso!



sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Não é preciso, pá! Estamos melhor sem ti...

 


Wish you were here - 50 anos

Há 50 anos os Pink Floyd lançavam Wish You Were Here, a obra-prima que se segue a outra obra-prima, The Dark Side of the Moon.

O vinil vinha numa embalagem de polietileno preto, com um autocolante representando o aperto de duas mãos mecânicas sobre um fundo composto pelos quatro elementos: Água, Terra, Fogo e Ar. Por coincidência, cada membro dos Pink Floyd pertence a um signo dos diferentes elementos.


A música é profundamente emotiva e o conjunto de faixas constitui uma peça coerente - um verdadeiro álbum!

David Gilmour realça, exactamente, a capacidade de criar um clima emocional, desenvolvê-lo lentamente e deixá-lo repousar.   

A abertura com os sintetizadores de Rick Wright é das aberturas mais memoráveis. Entramos no espaço cósmico!...

Nos meus 17 anos (acabados de cumprir), Wish You Were Here foi, com The Lamb Lies Down on Broadway, dos Genesis - outra obra genial - a banda sonora de dias e dias.

Continuam a ser música de cabeceira, que me ajudam a sintonizar comigo próprio. 

Do disco se diz - e disseram os próprios músicos - que constitui uma homenagem a Syd Barrett, o "crazy diamond", o ex-companheiro da banda que, qual aparição premonitória, passou pelo estúdio onde os Pink Floyd realizavam as gravações. 

Se diz comummente que explora os temas da ausência, da dificuldade das relações humanas, da alienação e das pressões da indústria musical.


Wish You Were Here foi o adeus metafórico e literal a Syd Barrett (nunca mais terão estado com ele) e foi, na minha opinião, a despedida dos Pink Floyd em relação àquilo que era a sua música, a sua criatividade colectiva.

«É o tipo de música - tal como em The Dark Side of the Moon - que nós os três compúnhamos, por vezes ao mesmo tempo. Acho que o melhor material dos Pink Floyd surgiu quando dois ou três de nós colaborávamos assim. Depois, perdemos isso, deixou de haver troca de ideias entre os elementos da banda.» (Richard Wright)

O que se anuncia como edição comemorativa dos 50 anos de
Wish You Were Here


quarta-feira, 3 de setembro de 2025

À atenção dos nossos liberais na educação

Da entrevista a Johan Pehrson, Ministro da Educação da Suécia até ao passado mês de Junho, publicada hoje no Público: "Fomos ingénuos": a Suécia, pioneira na digitalização da Educação, está "a voltar ao papel e à caneta"

«Público - Que são escolas independentes, que podem ser geridas por empresas privadas [ou fundações, ou cooperativas de pais] financiadas pelo Estado, para que os pais tenham liberdade total de escolha da escola para os seus filhos, seja pública ou privada.

Johan Pehrson (ex-Ministro da Educação da Suécia)O meu partido era muito favorável a isto, era a forma de permitir o desenvolvimento de diferentes estilos de aprendizagem, e também de fazer com que pequenas escolas no interior subsistissem. Mas depois ficou demasiado desregulado e acabámos por ter um sistema escolar em que as grandes empresas ganham dinheiro com a educação, o que não é aceitável. A tendência é para reduzirem as bibliotecas, para reduzirem o equipamento necessário para fazer experiências…
Cabe aos pais candidatarem-se a uma escola que considerem boa para os seus filhos. Mas houve [com as escolas independentes] uma inflação das notas. Passou a ser um argumento para “vender” a escola: “Venham, porque aqui temos boas notas! Damos notas altas!” Mas será que se aprende mesmo ali?

P - E aprende-se?
JP - Algumas destas escolas tendem a concentrar-se muito na questão da disciplina e da ordem, o que é bom, mas não houve um controlo suficiente sobre as notas [na Suécia há uma grande autonomia das escolas para decidirem os modelos de avaliação e progressão dos alunos]. Por isso, nomeou-se uma comissão para trabalhar na forma como devemos controlar as notas, porque é injusto, porque isso tem impacto no acesso à universidade, porque uma escolas cumprem e são exigentes e outras dão notas altas…»


Quando a manta é curta...


Primeiro, é requerido que nas comissões alargadas da CPCJ exista "Um representante dos serviços do Ministério da Educação, de preferência professor com especial interesse e conhecimentos na área das crianças e dos jovens em perigo;" (legislação revista há 10 anos, na fase final do Governo de Passos Coelho - Lei n.º 142/2015, de 8 de setembro, Art.º 17.º).

Agora, devido à falta de professores nas escolas, as comissões são esvaziadas.

Tapa-se a cabeça ou tapam-se os pés!  


terça-feira, 2 de setembro de 2025

O fim da II Guerra Mundial - há 80 anos

Na Europa a data do fim da II Guerra Mundial assinala-se em Maio, comemorando a rendição da Alemanha, mas a guerra continuou no Oriente.
Em 14 de Agosto de 1945, após o lançamento das duas bombas atómicas sobre o Japão, o imperador Hirohito rendeu-se e a 2 de Setembro o país assinou a capitulação.

 

Manoru Shigemitsu, Ministro das Relações Exteriores do Japão, assina o termo de rendição, a bordo do USS Missouri, na baía de Tóquio, em 2 de setembro de 1945, observado pelo general Douglas MacArthur e pelos oficiais britânicos e norte-americanos presentes na cerimónia.

História curiosa a deste ministro, embaixador no Reino Unido à data do início da guerra. Opunha-se à política militarista do seu país e apenas entraria no governo em 1943. 
Seria condenado a sete anos de prisão, por um tribunal militar internacional, por ter travado uma "guerra agressiva", enquanto o imperador Hirohito, protegido pelos americanos, permaneceu no poder, apenas tendo renunciado... à sua divindade.

Após a sua libertação, Manoru Shigemitsu viria a reentrar na vida política e a ocupar o cargo de Vice-Primeiro Ministro e Ministro das Relações Exteriores entre 1954 e 1956.


O acto comemorativo mais conhecido da vitória dos americanos será o beijo de um marinheiro a uma enfermeira, na Times Square (Nova Iorque).
A imagem foi captada pelo fotógrafo Alfred Eisenstaed, tendo sido descoberta há poucos anos a identidade dos protagonistas: George Mendonsa e Greta Zimmer Friedman, à data com 22 anos.

Hoje, o marinheiro poderia ser acusado de assédio, porque os dois não se conheciam e George, no momento de euforia que se vivia, tomou a liberdade de agarrar a enfermeira para a beijar.
Ao que dizem, tão depressa a beijou como os dois seguiram os seus caminhos independentes, sem palavras (até porque a namorada de George vinha um pouco mais atrás... como se pode ver na foto).  


Como é que conseguíamos viver antes?

Há 40 anos os Sindicatos dos Bancários exigiam que os multibancos funcionassem... apenas durante o horário de abertura dos bancos.


segunda-feira, 1 de setembro de 2025

domingo, 31 de agosto de 2025

Sérgio Godinho, a música da eterna juventude

Parabéns, Sérgio Godinho!

Um português de coração e raça.

Uma carreira de constância, com um brilhozinho nos olhos... 

Em maré alta, como no primeiro dia.


O elixir da eterna juventude


sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Houvir ou não houvir... eis a questão!

 


Quero ser proprietário florestal

«Não vamos conseguir gerir as nossas florestas enquanto não pagarmos aos proprietários a gestão dos terrenos com dinheiro dos contribuintes.»

Miguel Morgado, SIC Notícias, 26 de Agosto de 2025

Quero ser um liberal à portuguesa!

Quero viver à pala dos contribuintes!


Não dar a patinha. Não rebolar. Não lamber a mão.

«A quantidade de “entrevistas exclusivas” que os canais de televisão anunciaram com o líder da extrema-direita nos últimos tempos daria para encher, por si só, um canal de notícias de 24 horas por dia. (...) Nenhum outro político tem direito a este nível de atenção, esta deferência humilhante e servil por parte daqueles que são ainda os meios mais importantes do quarto poder.

(...) dizer que o facto de Ventura aparecer sistematicamente à frente do Presidente da República e do Primeiro-ministro na contagem de tempo televisivo, e de já o fazer há anos, não tem afinal importância nenhuma (...) Ao que eu digo: balelas. Sabem eles e sabe toda a gente que quando for escrita a história da meteórica ascensão do autoritarismo em Portugal, a atenção mediática que se lhe deu será um dos fatores explicativos mais fortes para o que tem sucedido e virá ainda a suceder.

E, no entanto, é tão fácil fazer melhor. Não dar a patinha. Não rebolar. Não lamber a mão. Olhar para os cãezinhos do vídeo. Pensar nos peixinho da anedota. Manter a dignidade. E mais nada.»

Rui Tavares, Expresso, 29 de Agosto de 2025


sexta-feira, 15 de agosto de 2025

A Fórmula 1 no Algarve como desígnio nacional

O anúncio de um desiderato nacional, uma meta fundamental para a promoção do desenvolvimento e do bem-estar dos portugueses:

«Estou em condições de vos dizer que temos tudo pronto para formalizar o regresso da Fórmula 1 ao Algarve em 2027.»

Luís Montenegro, enquanto líder do PSD, na festa do Pontal

A tristeza de ter um labroste como 1.º Ministro!... 


Não estou a insinuar nada!...

O líder do PSD considerou que "não é normal" - é "até um pouco esquisito" - partidos políticos pedirem a um tribunal que faça um juízo político e que tome decisões com base nesse juízo.

«(...) e muito menos normal será, se eventualmente acontecer - e eu não quero acreditar que aconteça -, que os próprios detentores do poder judicial possam, eles próprios, assumir fazer um juízo político quando a sua função é fazer um juízo jurídico.»

Eu não acredito!...
Longe de mim pensar tal coisa...
Nem é bom pensar...
Olha agora, se isso é possível...
Alguma vez eu disse que...
Não estou a insinuar nada!
Eu até me persignei...


quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Haja festa no Pontal!

«Não esquecemos os nossos compatriotas que por estes dias estão confrontados com um flagelo, uma tragédia que nos tem assolado, fruto das circunstâncias meteorológicas, que são particularmente difíceis e adversas, muitas vezes por falta de cuidado e negligência, condutas criminais, atos de violação das regras de convivência e que guiam a segurança e tranquilidade da nossa sociedade. Estamos a fazer o esforço máximo para não deixar ninguém sozinho, a mobilizar todos os meios que temos para salvaguardar em primeiro lugar vida, saúde e património dos nossos compatriotas e do nosso património natural. Estamos solidários.»

Luís Montenegro (discurso no Pontal), 14 de Agosto de 2025

«Não me agrada nada que nos andem a vender que estamos num ano atípico, de vagas de calor. O que não é correcto é dirigir para aí e disfarçar o que correu menos bem.

Há muita coisa que o Governo não fez, das medidas que podiam ter sido tomadas: a implementação da reforma da floresta, acções que visam prevenir, ter meios de combate. Há medidas que só cabe ao poder executivo tomar. O Governo não pode sacudir responsabilidades.»

Luís Montenegro (discurso no Pontal), 18 de Agosto de 2022
(Lembrado hoje, no Público)


segunda-feira, 4 de agosto de 2025

90 anos da rádio pública em Portugal

Na imagem difundida pela RDP, vê-se, parcialmente, o edifício da Emissora Nacional de Radiodifusão e o emissor de onda média, em Barcarena, construídos em 1933-34. 


A rádio faz parte, mais do que a televisão, da minha vida diária. Há, pelo menos, uma telefonia em cada divisão (incluindo a casa de banho). Com a rádio me levanto e com a rádio me deito.

Hoje, tenho acompanhado a emissão da Antena 1 comemorativa dos 90 anos da rádio pública (com ou sem maiúscula inicial). 

4 de Agosto de 1935 foi a data da inauguração das instalações da Emissora Nacional na Rua do Quelhas, com pompa e circunstância, embora a referência ao início das emissões oficiais remeta para o dia 1 de Agosto. 



Presente esteve o Presidente da República, Óscar Carmona, e vários ministros, mas não o Presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar.

Salazar já discursara pela rádio durante o período experimental. 

«Se não falha este pequeno aparelho que parece estremecer às menores vibrações da minha voz, eu estarei falando neste momento à maior assembleia que em Portugal alguma vez se congregou a escutar a palavra de alguém.»

A Emissora Nacional servia, então, de meio da propaganda política - era a voz do Estado Novo.  

Mas... «admirar o Sr. Dr. Oliveira Salazar é muito mais fácil do que seguir-lhe as pisadas e aproveitar a sua lição - e daí a necessidade de relembrar ainda a alguns que o Estado Novo precisa do equilíbrio de todos os seus organismos.» Quem assim falava era Henrique Galvão, nomeado director da EN para a transformar numa instituição financeiramente viável, depois de os tempos experimentais, com a constituição/contratação de grupos musicais, terem desequilibrado as contas.   

E com Salazar terminamos esta nota.

Convencido de que ainda era Presidente do Conselho - ou para o continuarem a convencer... - no dia do seu 80.º aniversário (28 de abril de 1969), no Palácio de São Bento, o cenário foi montado para Salazar agradecer "publicamente", através do microfone da EN, os cuidados médicos que recebeu.





... e em Santa Maria!


De mecânico e de louco
todos temos um pouco