"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Arnaldo Trindade (1934-2024)

 

Sr. Orfeu

O nome de Arnaldo Trindade evidencia-se pela ligação à editora Orfeu, que fundou em 1956.

A Orfeu começou pela edição de discos de poesia e a estreia aconteceu com "o mais difícil" (pelo seu feitio): Miguel Torga. 

Na opinião de Torga, «Os poetas são muitas vezes mal interpretados pelos "diseurs", porque interpretam teatralmente e perde-se o intimismo dos poemas».

Não sabemos se por essa objecção, as primeiras gravações foram os próprios poetas a declamarem os seus poemas.

Arnaldo Trindade contou que Miguel Torga foi levado a uma das cabines da loja da Orfeu e, já depois da meia-noite "para que não houvesse ruído que viesse a corromper o silêncio necessário", Miguel Torga leu a sua Ode à Poesia. No fim, ao ouvir a sua própria voz, ter-se-á emocionado ao ponto de ter levado uma injecção de coramina, dada por Andrée Cabrée, para ser reanimado.

Seguiram-se José Régio, Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Breyner, Jaime Cortesão, Aquilino Ribeiro e Ferreira de Castro. 

Ary dos Santos, na dedicatória de um livro que ofereceu ao editor, escreveu: "Arnaldo Trindade, a quem tanto deve tanta poesia".

Quanto à música editada, que viria logo a seguir (com muitos nomes importantíssimos), como disse o próprio Arnaldo Trindade: "O grande passo foi quando conheci o Adriano Correia de Oliveira".



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