"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 30 de junho de 2022

E se fosse Beja?

 

Depois de se decidir se os aviões vão aterrar no Montijo ou em Alcochete, espantando garças, tarambolas, pernilongos, milherangos, corvos-marinhos, flamingos e patos bravos (os que voam, porque os ouros são os que vão ganhar nos negócios colaterais...), terá de se decidir como é que os passageiros vão fazer a travessia do Tejo e chegar à capital.

Um passeio de catamarã poderá ser uma saída, para quem vem de férias. Fica logo a conhecer o Tejo, tem o impacto de ver Lisboa a partir do rio, o que é sempre bonito... 

Poderá ser um velho cacilheiro, para os turistas menos apressados e carregados...

Se a subida do nível do mar se mantiver, poderá ser de submarino. Mas, nesse caso, também será preferível pensar em hidroaviões...

Poderá ser por via rodoviária ou ferroviária, aproveitando a ponte Vasco da Gama ou construindo uma terceira ponte - Montijo-Beato -, recuperando uma ideia com mais de um século (1876) e que chegou a ser objecto de concurso com Salazar na chefia do Governo (1934).


Mais de um século depois, voltava-se a fazer a inauguração de uma estação ferroviária no Montijo (a velha foi encerrada em 1989) ou, pela primeira vez, um comboio chegaria a Alcochete.

Mas depois de 50 anos de discussão sobre a localização do aeroporto entrar-se-ia numa outra de mais 50 sobre o local e o tipo de ligação: ponte, túnel ou mista ponte-túnel (copiando a ligação de Oresund, entre a Dinamarca e a Suécia) - em 2008 já tal era discutido.

Parece-me mais fácil adaptar Beja e construir uma rápida ligação TGV à capital. 

Dificilmente a subida do nível do mar incomodará o interior da planície alentejana, não se chateavam os pássaros, não haveria necessidade de estudar a operacionalidade e a segurança das operações portuárias. 

Incomodava-se menos gente e não surgiriam tantos patos bravos. 


Mas acho que serão mesmo os patos bravos da política e, sobretudo, os das negociatas, que serão decisivos na soluções a aprovar.


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