"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

O último surrealista português

«- Ainda é surrealista, Cruzeiro Seixas? 
- Ah, isso até à morte! Isso é uma coisa que não tem cura.»
(entrevista ao DN, em 1 de Abril de 2005)


Partiu o último dos surrealistas portugueses.
A menos de um mês de fazer os 100 anos, faleceu Artur Cruzeiro Seixas.

Auto-retrato

«- Tenho impressão que cada um faz o seu surrealismo, diferente dos outros.
O meu é um surrealismo que assenta principalmente numa ideia de liberdade louca.
Louca. Porque é tanta. E o desejo dela ultrapassa tanto a loucura, mesmo! E depois, posso-me gabar de ter realmente conseguido, de certa maneira, realizar essa loucura... e de tê-la vivido. Acho que sim. Hoje, com 84 anos, tenho já uma visão enorme da vida e posso espantar-me a mim próprio, não é? 
- Pela liberdade ou pela loucura? 

- Pela liberdade e pela loucura que meti dentro dela. Consegui! Consegui realmente viver.»

(excertos da mesma entrevista ao DN)


Grupo Surrealista de Lisboa (na Exposição dos Surrealistas, Junho-Julho de 1949)
Cruzeiro Seixas é o 3.º a contar da direita

A célebre Mão (em que as garras são aparos)

Finalidade sem fim numa tapeçaria de Portalegre

«Viver é uma loucura espantosa. É a maior loucura.»




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