"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Nem prós, nem contras, antes pelo contrário

Discutir a educação, em geral, do básico ao secundário, sendo abordadas questões tão diversificadas e com participantes tão variados... não dá para ir muito longe.

E as realidades escolares variam de local para local, muito em função dos níveis social e cultural dos pais. E os meios mais pequenos têm diferenças significativas em relação aos grandes meios urbanos. Lisboa ou o Porto não são o país e, mesmo dentro destas cidades, há diferenças assinaláveis conforme as zonas. Os subúrbios são outra realidade.
Os jornalistas das televisões têm muita tendência a considerar o meio em que vivem como o modelo universal, também aplicável às escolas portuguesas.

Os convidados são pessoas que, muitas vezes, têm experiências de ensino a nível superior (o que não tem nada a ver com o Básico) ou são pessoas... "bem falantes", dos tais níveis superiores (social e culturalmente falando).
Tive de dar uma gargalhada ao ouvir uma encarregada de educação falar do filho que não gostava de ir à escola, porque em casa aprendia com muito mais gosto, de forma muito mais atractiva e desafiante. Os seus filhos jogam internacionalmente e um deles até quer ir ao Butão ou para o Butão.

Gostaria de ouvir encarregados de educação de alunos da minha escola, daqueles que chegam a casa às tantas, cujos filhos estiveram entregues a si próprios e andaram sabem lá os pais por onde, e não têm as aptidões para ensinarem os filhos - é esse papel que eles esperam que a escola cumpra, na esperança de que os filhos possam ter uma vida melhor do que a deles.
E sabem lá eles que existe um Butão para a banda dos Himalaias - nem sabem que os Himalaias existem! O que é isso?
Ir ao Centro Comercial no fim de semana já é uma festa. E Lisboa ali tão perto!...
Ainda bem que o filho da senhora quer ir ao Butão ou para o Butão.

Cá - faltou dizer, como o D. Carlos, "nesta piolheira" - "os professores não se deixam conhecer" e "não criam relações com os alunos".
Passam os alunos mais tempo na escola com os professores do que em casa com os pais! Há alunos que conhecemos melhor do que os próprios pais. Está a falar de quê? 
Há uns anos, perguntava-me um encarregado de educação: "A minha filha está em que ano?". Estava no 8.º. 
(não estou a dizer que são todos assim!)

Eu também ia ao Butão, se aquilo que dizem que eu ganho fosse verdade!...
Eu até sei localizar os Himalaias no mapa!


E a moderadora também podia ir para lá... de castigo, pela falta do trabalho de casa.
  

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