"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 18 de fevereiro de 2018

A possibilidade de viver num mundo melhor

Li, ainda ontem, os pedidos feitos pelo presidente do Sporting aos sócios do clube, após a vitória das suas propostas na assembleia geral do clube:
«Não comprem mais jornais, não vejam mais televisões portuguesas a não ser a Sporting TV e os nossos comentadores que abandonem aqueles programas vergonhosos de paineleiros e cartilheiros.»
Ri-me.

Depois, fiquei a pensar: "Quem é que este tipo pensa que é? Que importância é que ele atribui a si próprio? Parece que não se enxerga! O homem não pode estar bom do juízo! Armado em ditadorzeco... patético, impondo a sua vontade de menino mimado a quem todos devem qualquer coisa, inchado de tanto voto na assembleia, cheio de vento..."

Com o tempo, o que considerei uma atitude estupidamente alarve, começou a parecer-me uma ideia com potencial.

Há pouco, vi o director de comunicação do Sporting - por acaso, um jornalista - ir mais longe: pede que o boicote se estenda aos jornais online e às redes sociais.


E o potencial da ideia parece-me ainda mais elevado.

Ao contrário do que desejei inicialmente, espero que os sportinguistas respeitem a ordem do(s) grande(s) timoneiro(s) e se mantenham em profundo silêncio - não falem e não escrevam em sítio algum!

E vou mais longe: espero que o Benfica e o F. C. Porto, através dos seus mediáticos presidentes, sigam o exemplo e imponham o silêncio aos seus adeptos. E que todos os adeptos obedeçam carneiramente. Nem pensem em questionar ou, muito menos, desobedecer à vontade do chefe!

Viveríamos num mundo melhor!

Não teríamos, quer na TV quer na rádio, horas intermináveis de programas de comentários futebolísticos, muitas vezes de baixo nível.
Não teríamos mensagens de grunhos com fraco domínio da língua portuguesa e com evidente défice de QI.
O futebol - muitas vezes, nada de futebol, só o que anda à sua volta - deixaria de ser o centro do universo.

Os meios de comunicação teriam a oportunidade de reorganizar a sua programação e de a poderem melhorar.
O público teria a oportunidade de recuperar horas para actividades mais saudáveis.

A acreditar nessa possibilidade, até poderia ser que o futebol passasse a ser um desporto... mais limpo. Um desporto.
Isso: um desporto!


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