"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Henrique Pousão, um percurso fulgurante

Henrique Pousão nasceu a 1 de Janeiro de 1859, em Vila Viçosa.

Em 1872 foi viver para o Porto, onde iniciou os seus estudos em Belas Artes.

Auto-retrato (1878)
«Artista singular na pintura portuguesa do século XIX, Henrique Pousão inicia uma precoce carreira como aluno brilhante na Academia Portuense de Belas Artes, onde ganha um concurso de pensionista do Estado no estrangeiro, em 1880. Nos três anos seguintes, absorve com particular originalidade os estímulos que recebe nos diferentes locais por onde passa, Paris, Roma, Nápoles e ilha de Capri.
(...) Muito depressa, Pousão distancia-se do ensino académico e enceta uma pesquisa plástica independente, apurada num rigor compositivo muito próprio e no valor autónomo da cor, intensificada pela luz mediterrânica que encontra em Itália. 
É um percurso fulgurante que será interrompido com a sua morte precoce, aos 25 anos de idade. Mas a excepcional produção que nos legou revela a surpreendente originalidade de um estudante promissor, que em pouco mais de quatro anos se torna num mestre da pintura portuguesa.»
Carlos Silveira, Henrique Pousão


Casas brancas de Capri (1882)

Cecília (1882)

«(...) Pousão, aprendiz libertado de academias e sem mestres na sua experiência mediterrânea, foi mais longe que qualquer outro pintor português da sua geração, no caminho de um esquema pictórico actual
José-Augusto França, A arte em Portugal no século XIX

Janela das persianas azuis (1883)

Regressou a Portugal num estado de saúde já muito debilitado.

«Quando já não podia sair de casa, no final do ano de 1883, pinta um pequeno estudo, Aspecto da casa do primo Matroco. É uma pintura minuciosa e sensível, semelhante a uma estampa japonesa (...).
Os últimos dias passa-os acamado na sala de estar da casa, tuberculoso, pintando quadros de flores. Papoilas, margaridas, amores-perfeitos. Flores primaveris, que ele pedia a familiares que fossem buscar ao quintal da casa. E é assim que um promissor paisagista, um dos maiores pintores portugueses do século XIX, termina os seus últimos dias, pintando flores campestres.»
Carlos Silveira, Henrique Pousão


Aspecto da casa do primo Matroco

Uma das suas últimas pinturas, em casa do primo Manuel Matroco
(Vila Viçosa), onde viria a falecer, a 25 de Março de 1884 
«(...) a sua vida foi breve e talvez feliz, porque fez o que desejou e morreu pintando, logo depois de três anos de França e de Itália.»
José-Augusto França, A arte em Portugal no século XIX










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