"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Filhos e enteados

Nas redes sociais multiplicam-se os parabéns aos ex-contratados agora promovidos a professores - linguagem do ministério.
Segundo o Público, os promovidos apresentam uma situação tipo de 14 anos de serviço e uma média de 41 anos de idade.


E, digo eu, aparentam uma felicidade genuína de quem vê uma luz ao fundo do túnel: falta a colocação efectiva.
Também há os que não conseguiram essa promoção, mesmo com um bom número de anos de serviço e um percurso académico que pode ser longo e excelente.

Em contraste com esta realidade temos a outra. A dos ricos e famosos, por boas ou más razões. A dos filhos de algo.
No parágrafo 3.º do Artigo 3.º da Constituição de 1911, a primeira Constituição republicana, era afirmado que "A República Portuguesa não admite privilégio de nascimento (...), extingue os títulos de nobreza (...) com todas as suas regalias." Costumo analisar este artigo com os meus alunos do 6.º ano. À luz da chamada ética republicana, será difícil aceitar...


O "rapaz" até pode ser bom, mas isto de ser filho de alguém a quem se deve (obrigado, meu benfeitor!) uma pipa de massa terá o seu peso.
Se arranjou uma pipa de massa, é melhor ter alguém da família a... supervisioná-la.

Todos em funções públicas, mas, como diz o ditado, uns são filhos e outros enteados.
É o que parece.


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