"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Charlie Haden (e a sua aventura em Cascais - 1971)

Fim do dia com a notícia da morte de Charlie Haden.

O contrabaixista integrou o quarteto de Ornette Coleman, no 1.º Festival de Jazz de Cascais, em 1971.

Actuando depois de Miles Davis, Haden tomou a iniciativa de se chegar ao microfone e de dedicar o tema Song for Che aos movimentos de libertação de Angola e de Moçambique.
O público presente levantou-se e aplaudiu. Já nas bancadas se encontravam dois panos com as inscrições "Guiné Livre" e "Abaixo a guerra colonial".
O comandante da PSP de Cascais ainda chegou a mandar os organizadores pararem com o espectáculo, mas tal não se concretizou.
No final, agentes da PIDE-DGS aguardavam Charlie Haden no seu camarim. Levado para a sede daquela polícia, foi interrogado, seguindo sob escolta para casa do Adido Cultural dos EUA e daí para o aeroporto, de onde embarcou para Londres.
O Festival chegou a estar em risco de ficar pelo primeiro dia.

A notícia foi censurada

A gravação de Song for Che, que se encontrava no bolso da gabardina de Charlie Haden, escapou à demanda e foi usada em For a Free Portugal, no disco Closeness duets (1976).



A "mistura" do seu contrabaixo com a guitarra de Carlos Paredes... é que me parece que não cola muito bem (cada um por si).


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