Porque considero que a situação que se vive, em termos de direitos e de valores democráticos, é preocupante e não confio em quem ocupa algumas das mais importantes estruturas do Estado, transcrevo o Manifesto.
Pelo jornalismo, pela democracia
 A crise que abala a maioria dos órgãos de informação em Portugal pode parecer aos mais desprevenidos uma mera questão laboral ou mesmo empresarial. Trata-se, contudo, de um problema mais largo e mais profundo, e que, ao afectar um sector estratégico, se reflecte de forma negativa e preocupante na organização da sociedade democrática.
 O jornalismo não se resume à produção de notícias e muito menos à reprodução de informações que chegam à redacção. Assenta na verificação e na validação da informação, na atribuição de relevância às fontes e acontecimentos, na fiscalização dos diferentes poderes e na oferta de uma pluralidade de olhares e de pontos de vista que dêem aos cidadãos um conhecimento informado do que é do interesse público, estimulem o debate e o confronto de ideias e permitam a multiplicidade de escolhas que caracteriza as democracias. O exercício destas funções centrais exige competências, recursos, tempo e condições de independência e de autonomia dos jornalistas. E não se pode fazer sem jornalistas ou com redacções reduzidas à sua ínfima expressão.
 As lutas a que assistimos num sector afectado por despedimentos colectivos, cortes nos orçamentos de funcionamento e precarização profissional extravasa, pois, fronteiras corporativas.
 Sendo global, a crise do sector exige um empenhamento de todos - empresários, profissionais, Estado, cidadãos - na descoberta de soluções.
 A redução de efectivos, a precariedade profissional e o desinvestimento nas redacções podem parecer uma solução no curto prazo, mas não vão garantir a sobrevivência das empresas jornalísticas. Conduzem, pelo contrário, a uma perda de rigor, de qualidade e de fiabilidade, que terá como consequência, numa espiral recessiva de cidadania, a desinformação da sociedade, a falta de exigência cívica e um enfraquecimento da democracia.
  
 Porque existe uma componente de serviço público em todo o exercício do jornalismo, privado ou público;
 Porque este último, por maioria de razão, não pode ser transformado, como faz a proposta do Governo para o OE de 2013, numa "repartição de activos em função da especialização de diversas áreas de negócios" por parte do "accionista Estado";
 Porque o jornalismo não é apenas mais um serviço entre os muitos que o mercado nos oferece;
 Porque o jornalismo é um serviço que está no coração da democracia;
 Porque a crise dos média e as medidas erradas e perigosas com que vem sendo combatida ocorrem num tempo de aguda crise nacional, que torna mais imperiosa ainda a função da imprensa;
 Porque o jornalismo é um património colectivo;
 Os subscritores entendem que a luta das redacções e dos jornalistas, hoje, é uma luta de todos nós, cidadãos.
 Por isso nela nos envolvemos.
 Por isso manifestamos a nossa solidariedade activa com todos os que, na imprensa escrita e online, na rádio e na televisão, lutando pelo direito à dignidade profissional contra a degradação das condições de trabalho, lutam por um jornalismo independente, plural, exigente e de qualidade, esteio de uma sociedade livre e democrática.
 Por isso desafiamos todos os cidadãos a empenhar-se nesta defesa de uma imprensa livre e de qualidade e a colocar os seus esforços e a sua imaginação ao serviço da sua sustentabilidade.
Proponentes:
 Adelino Gomes
 Alfredo Maia - JN (Presidente do Sindicato de Jornalistas)
 Ana Cáceres Monteiro, Media Capital
 Alexandre Manuel - Jornalista e Professor Universitário
 Ana Goulart - Seara Nova
 Ana Romeu - RTP
 Ana Sofia Fonseca - Expresso
 Ana Tomas Ribeiro - Lusa
 Anabela Fino - Avante
 António Navarro - Lusa
 António Louçã - RTP
 Camilo Azevedo - RTP
 Carla Baptista - Jornalista e Professor Universitária
 Cecília Malheiro - Lusa
 Cesário Borga
 Cristina Martins - Expresso
 Catarina Almeida Pereira - Jornal de Negócios
 Cristina Margato - Expresso
 Daniel Ricardo - Visão
 Diana Ramos - Correio da Manhã
 Diana Andringa
 Elisabete Miranda - Jornal de Negócios
 Frederico Pinheiro - SOL
 Fernando Correia - Jornalista e Professor Universitário
 Filipe Silveira - SIC
 Filipa Subtil - Professora Universitária
 Filomena Lança - Jornal de Negócios
 Hermínia Saraiva - Diário Económico
 Joaquim Fidalgo
 Joaquim Furtado
 Jorge Araújo - Expresso
 José Milhazes - SIC / Lusa (Moscovo)
 José Vitor Malheiros
 João Carvalho Pina - Kameraphoto
 João Paulo Vieira - Visão
 João d'Espiney, Público
 José Luiz Fernandes - Casa da Imprensa
 José Manuel Rosendo - RDP
 José Rebelo - Professor e ex-jornalista
 Luis Andrade Sá - Lusa (Delegação de Moçambique)
 Luis Reis Ribeiro - I
 Liliana Pacheco - Jornalista (investigadora)
 Luciana Liederfard - Expresso
 Luísa Meireles - Expresso
 Maria de Deus Rodrigues - Lusa
 Maria Flor Pedroso - RDP
 Maria Júlia Fernandes - RTP
 Martins Morim - A Bola
 Manuel Esteves - Jornal de Negócios
 Manuel Menezes - RTP
 Margarida Metelo - RTP
 Margarida Pinto - Lusa
 Mário Nicolau - Revista C
 Miguel Marujo- DN
 Miguel Sousa Pinto - Lusa
 Mónica Santos - O Jogo
 Nuno Pêgas - Lusa
 Nuno Aguiar - Jornal de Negócios
 Nuno Martins - Lusa
 Óscar Mascarenhas - DN
 Patrícia Fonseca - Visão
 Paulo Pena - Visão
 Pedro Rosa Mendes
 Pedro Caldeira Rodrigues - Lusa
 Pedro Sousa Pereira - Lusa
 Pedro Manuel Coutinho Diniz - Professor Universitário
 Pedro Pinheiro - TSF
 Raquel Martins - Publico
 Rui Cardoso Martins
 Ricardo Alexandre - Antena 1
 Rosária Rato - Lusa
 Rui Peres Jorge - Jornal de Negócios
 Rui Nunes - Lusa
 Sandra Monteiro - Le Monde Diplomatique
 Sofia Branco - Lusa
 Susana Barros - RDP
 Susana Venceslau - Lusa
 Tomas Quental - Lusa
 Tiago Dias - Lusa
 Tiago Petinga -Lusa
 Vitor Costa – Lusa
 Este é apenas o primeiro passo duma iniciativa que pretende ser mais ampla.
 Nos próximos dias todos os jornalistas, bem como todos os cidadãos vão ser convidados a assinar e a participar.
 Pelo jornalismo, Pela democracia
"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas." 
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)
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