«A quantidade de “entrevistas exclusivas” que os canais de televisão anunciaram com o líder da extrema-direita nos últimos tempos daria para encher, por si só, um canal de notícias de 24 horas por dia. (...) Nenhum outro político tem direito a este nível de atenção, esta deferência humilhante e servil por parte daqueles que são ainda os meios mais importantes do quarto poder.
(...) dizer que o facto de Ventura aparecer sistematicamente à frente do Presidente da República e do Primeiro-ministro na contagem de tempo televisivo, e de já o fazer há anos, não tem afinal importância nenhuma (...) Ao que eu digo: balelas. Sabem eles e sabe toda a gente que quando for escrita a história da meteórica ascensão do autoritarismo em Portugal, a atenção mediática que se lhe deu será um dos fatores explicativos mais fortes para o que tem sucedido e virá ainda a suceder.
E, no entanto, é tão fácil fazer melhor. Não dar a patinha. Não rebolar. Não lamber a mão. Olhar para os cãezinhos do vídeo. Pensar nos peixinho da anedota. Manter a dignidade. E mais nada.»
Rui Tavares, Expresso, 29 de Agosto de 2025
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