"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

200 anos da Revolução Liberal - O dia por quem o viveu

... do Porto e de Portugal!

O quartel de Santo Ovídio (Infantaria 18) no antigo Campo de Santo Ovídio


Antigo Campo de Santo Ovídio, actual Praça da República 
(com  o Quartel-general ao cimo)

«Rompeu o dia 24, e ao som dos clarins, e da artilharia se fizeram em pedaços os grilhões que nos algemavam, e com tanto sossego se proclamou a nossa independência, que ninguém sofreu o mais pequeno incómodo: imenso povo assistiu à reunião das tropas em Santo Ovídio, ouviu as proclamações, misturou-se no meio dos vivas, e da alegria com a tropa de tal maneira que quando chegaram à Praça Nova o contentamento era universal.»  
(José da Silva Carvalho, Memorandum sobre os acontecimentos do dia 24 d'Agosto de 1820)

A Praça da Liberdade (à data chamada Praça Nova das Hortas), tendo no topo 
a antiga Casa da Câmara -, onde reuniram as entidades que deram origem à 
Junta Provisional do Governo Supremo do  Reino, a que alude o texto seguinte. 
A foto já é posterior a 1866, data em que foi inaugurada a estátua de D.Pedro IV.


«Na praça tudo era movimento e alegria. O coronel Sepúlveda, cercado de povo, lançava a barretina ao ar dando vivas à Revolução; os soldados e povo o imitavam e correspondiam. Tal era o espectáculo que se ofereceu aos meus olhos quando me reuni aos meus colegas de governo em uma das salas baixas da casa da câmara. E começámos os nossos trabalhos governativos. Foram estes: publicar o manifesto à Nação, expandir circulares às autoridades militares e civis das províncias para prestarem obediência ao novo governo; escrever à regência de Lisboa uma carta explícita sobre os fins da Revolução e decretar a criação de um tesouro público no Porto, destinado a receber as rendas públicas e satisfazer a todos as despesas do serviço.»
(Xavier de Araújo, A Revolução de 1820 - Memórias)


José da Silva Carvalho e Xavier de Araújo pertenciam ao Sinédrio, associação secreta que preparou a Revolução.

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