"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 15 de dezembro de 2019

Esmagamento dos eleitores


A diferença entre o número de deputados eleitos pelo Partido Conservador e os eleitos dos restantes partidos é enorme.
A vitória parece esmagadora.

Vendo os resultados eleitorais...


A votação dos Conservadores não atingiu os 50% (é de 43,6%), a percentagem de deputados do partido no Parlamento é que é bem superior (365 em 650 - 56%).

Os Liberais Democratas tiveram uma votação de 11,6% e o número de deputados (11) corresponde a 1,7% do número de deputados do Parlamento. A votação nos Liberais Democratas é mais do que um 1/4 da votação nos Conservadores, mas corresponde a 1/33 dos deputados destes.   
Uma análise em sentido contrário pode ser vista no caso do Partido Nacionalista Escocês (3,9% dos votos - 7,4% dos deputados), resultante da sua concentração em função dos círculos eleitorais.

Regra geral, não existindo um círculo eleitoral único, os partidos mais votados são favorecidos pelos métodos de eleição. Em Portugal, o PS teve 36,7% dos votos e tem 46% do número de deputados.

Mas em sistemas eleitorais como o britânico, o número de deputados está bem mais distorcido. Mais do que um esmagamento da oposição, o que me parece que existe, no caso do número de deputados vários partidos, é um esmagamento da vontade de um bom número de eleitores britânicos.

E em sistemas como o francês, as distorções parecem-me ainda maiores.
Mas se os eleitores desses países convivem bem com os seus sistemas eleitorais...

Quanto aos jornalistas, regra geral, ficam-se pelos sound bites.


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