"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Proposta de novos percursos por Lisboa

Considerando o incremento do turismo na cidade de Lisboa, penso que seria interessante diversificar os percursos que se fazem pela cidade, acrescentando, pelo menos, três novos roteiros, com os dois últimos a serem realizados a pé:

1 - O roteiro dos hotéis, dos hostels e dos Alojamentos Locais. Poderia ser distinguido mais do que um nível de percurso: o de categoria superior, por exemplo, com custo mais elevado, incluiria hotéis de categoria mais elevada, com visita às suites e com oferta de uma bebida no bar do hotel.
Este roteiro poderia desenvolver, inclusive, o contacto entre turistas de diferentes origens.

2 - O roteiro do lixo acumulado. Seguindo a pegada (lixarada) de outros turistas, ou mesmo de alguns nativos - haja criatividade! -, seria possível desenvolver um conjunto de actividades com interesse sociológico e ambiental (os diferentes tipos de lixo, os mais frequentes, a sua diferente distribuição geográfica, "Diz-me que lixo encontras, dir-te-ei onde andas", etc.). 



3 - O roteiro do cheiro a mijo. Esta última proposta poderá ter o inconveniente de se aproximar do percurso anterior, para além de ser ainda mais agressivo para os possuidores de membranas pituitárias mais sensíveis. Talvez a utilização de cães-guias pudesse animar este percurso, patrocinado pelas melhores cervejarias e pelos bares mais distintos.


A Câmara Municipal, pela sua responsabilidade enquanto entidade criadora das condições para a existência destes percursos, deverá comparticipar na sua promoção e continuar a promover todas as acções tendentes ao seu funcionamento (nomeadamente, protelar a recolha do lixo e não lavar as ruas). 

Temos de manter as tradições e zelar pelo património: os alojamentos, o lixo e o mijo são nossos! Devem estar ao serviço da economia.



P.S. - O Porto também pode ir pensando no mesmo!...


terça-feira, 1 de outubro de 2024

Que grande rebaldaria / E a Palestina às escuras


No meio dos escombros da sua casa, Abu Omar, de 70 anos, fuma cachimbo e ouve música do gira-discos, em Aleppo, na Síria, a 9 de Março de 2017, após o bombardeamento do seu bairro.  

Foi na Síria, um episódio mais dos permanentes conflitos do Médio Oriente. Podia ser hoje, no Líbano, em Gaza, na Cisjordânia, onde a loucura de Benjamin Netanyahu continua a atear fogos. 

A uma semana de se assinalar um ano dos ataques do Hamas, os reféns já cumpriram o seu papel, já foram úteis aos planos de Netanyahu.

Está difícil ouvir música!...


Shalom Palestina

«Que grande rebaldaria / E a Palestina às escuras» - versos da canção Nefretite não tinha papeira (do LP Venham Mais Cinco, de José Afonso, 1973)

Última quadra da mesma canção (já que estou com a mão na massa):

Os Sheikes israelitas
Já que estou com a mão na massa 
Lembram-me os Sheikes das fitas
Que dão porrada a quem passa


Dia da Música

Com as compras de ontem, antecipei em 24 horas o Dia da Música.

Fica o registo de outro achado de há pouco tempo...

Há muito que lamentava a ausência, na minha discoteca caseira, de Em Busca das Montanhas Azuis. Deixei de ter razões para esse lamento!

Treze anos depois da edição do último disco de originais de Fausto, posso apreciar um tesouro esquecido da música portuguesa, do qual poucas faixas conhecia. 

A rádio pública, com as suas playlists, passa sempre as mesmas músicas, excepção feita a três ou quatro programas, geralmente semanais (de David Ferreira ou João Carlos Calixto, muito poucos mais).

Não dou conta que a televisão pública dê qualquer atenção à música, mas também é verdade que vejo pouca televisão.


Lamento a ausência da reedição discográfica da obra de Fausto (Bordalo Dias ou só Fausto), calculando, pela experiência de outros artistas portugueses, que haja múltiplos problemas de direitos e de sumiço das gravações originais. Luso-emaranhados!

Exemplar é a gestão dos arquivos de artistas como Joni Mitchell, Neil Young, King Crimson ou, com uma carreira tristemente mais curta, Sandy Denny.

Pode-se falar de comercialismo, de oportunismo, da exploração da galinha dos ovos de ouro, mas há edição de arquivos e os fãs - a quem essas edições especialmente se destinam -, mais dólar menos dólar, mais libra menos libra, para nós cambiados em euros, têm acesso a eles.

Mesmo que fique com uma dúzia de versões de Both Sides Now e de Who Knows Where the Time Goes ou 20 variantes de 21st Century Schizoid Man!



Recordar Fausto: E fomos pela água do rio