«por trás de cada verso nasce uma ave, um silêncio ferido, ou um mineral que se enterra sílaba a sílaba no corpo, estão contaminados de claridade os alicerces daquilo que escrevo. Uma cidade exterminadora vem do odor da tinta permanente, palavra a palavra escavo no coração do texto. Por trás de cada poema existe o corpo que o gerou num instante de pânico. mas uma dúvida persiste, nada fica acabado, definitivo. Ilumina-se outro corpo pela insónia, desassossegado. Nenhuma máscara consegue esconder, nem proteger o rosto magoado. Nenhuma imagem tua se revela no açúcar das veias.»
Al Berto, O Medo
Al Berto, 11 de Janeiro de 1948 - 13 de Junho de 1997
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