«Agustina vive agora numa outra dimensão da realidade. Agustina já não gosta de livros.» escreveu Carlos Vaz Marques, em Março de 2012, na introdução à entrevista que conduziu com Alberto Luís e Mónica Baldaque, marido e filha de Agustina (revista Ler).
"Já não gosta de livros" - é uma afirmação que não pode deixar de nos abalar, quando diz respeito a alguém que toda a sua vida viveu para os livros e dos livros e que não conhecemos fora do contexto literário. Contraria a sua consciência.
«Escrevo por dom natural. Nasci escritora e tenho o gosto da escrita.
Depois vem a relação com o público e com todos estes fantasmas que são as memórias.
Comecei a considerar-me uma grande escritora desde os doze anos. Porque isso ou é muito cedo ou nunca é. Ainda não tinha publicado nada, mas já escrevia para a minha turma, mas já escrevia as redacções todas, todas diferentes. E já era a heroína da minha turma. Isso já me dava alguma consciência da minha condição de escritora.»
De uma entrevista em 2004
A grande maioria dos textos de Caderno de Significados - apontamentos dispersos, folhas soltas, cadernos, escritos nas margens dos livros... - refere-se à actividade da escrita e à literatura.
Os textos que já li são exemplares da sua dimensão criadora, "sempre em busca de atingir o mistério das coisas".
Agustina Bessa-Luís com Sophia de Mello Breyner e Eugénio de Andrade (anos 50) |
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