«A Ilha da Civilização é uma monarquia dirigida por um rei em madeira de jacarandá. O rei é operado de forma mecânica e pode assinar até 30 decretos de uma só vez; assina em inglês, numa bela caligrafia. São inúmeras as vantagens deste sistema. Evita todos os problemas suscitados pela sucessão e por mudanças de dinastia. Significa também que os custos da casa real se elevam a apenas 50 francos por ano em óleo e lubrificante. Só o presidente do Conselho de Ministros pode dar corda ao rei.
Os ministros têm pesadas responsabilidades. Cada um deles tem um nó corredio à volta do pescoço e qualquer eleitor pode puxar a corda até o ministro ser estrangulado, se tiver agido contra as obrigações do seu mandato. Todos os deputados são surdo-mudos, o que evita debates intermináveis e reduz significativamente a possibilidade de serem influenciados por argumentos persuasivos. Os debates realizam-se em linguagem gestual.
(...) A ilha é rica e próspera.»
Alberto Manguel e Gianni Guadalupi, Dicionário de lugares imaginários
(com base em Henry-Florent Delmotte, Voyage pittoresque et industriel dans le Paraguay-Roux et la Palingénésie Australe par Triçadé-Nafe-Théobrôme de Kaou't'-Chouk, Gentilhomme Breton, sous-aide à l'établissement des clysopompes, etc. (1835)
Henry-Florent Delmotte
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