"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Ao fim de um dia de greve

Pode parecer estranho os sindicatos indicarem um valor de cerca de 90% de professores a fazerem greve e, depois, termos apenas cerca de 25 a 30% dos alunos a não fazerem o exame de Português.
Vamos acreditar nos números.

O facto dos professores terem sido todos convocados e haver, portanto, mais potenciais vigilantes do que alunos a realizar exames, terá sido determinante. Parece-me que a requisição está na fronteira da (i)legalidade: no fundo, a distribuição do serviço de vigilância de exames a efectuar normalmente por cada escola foi ultrapassada pela requisição geral, possibilitando substituir quem fez greve.
A existência dos mega-agrupamentos permitiu que professores de outros ciclos fizessem a vigilância nas escolas secundárias.

Terá havido esquemas manhosos: vigilância por não docentes, exames efectuados em grandes espaços "anormais" (ginásios, auditórios e refeitórios) para que o mesmo número de vigilantes cobrisse um maior número de examinados, professores da disciplina a vigiar... - vamos lá saber quantos casos destes, para além de outras anomalias naturais em dia de confusão.
Mas desde que os exames fossem feitos, para o ministério, hoje, tudo estaria bem. É como as avaliações da troika - depois de ordenarem tanta "porcaria", nunca podem avaliar mal a "porcaria" que resulta das suas ordens.

Para as contas dos sindicatos - os 90% em greve - entrarão também os professores que, no Ensino Básico, faltaram às reuniões de avaliação - e vamos lá saber se alguns directores não alteraram os calendários destas reuniões para conseguir professores para a vigilância dos exames.
Tudo muito estratégico. No fim, os professores favoráveis às greves, como eu, acharão fraco o resultado da greve, o Ministério parece ter conseguido diminuir os estragos, mas também não pode cantar vitória, e os alunos... estão no meio. Mas quando esta gente que nos governa está a dar cabo disto e não conseguimos ver outra solução, qualquer greve dos professores terá de afectar os alunos.

No fim...
Sei o que pensam os partidos do Governo sobre a situação da educação.
Sei o que pensam os partidos de esquerda (PCP e BE) sobre a situação da educação
Não sei, de forma muito clara (como é timbre de António José Seguro), o que pensa o PS sobre a situação da educação.
Como diz Pacheco Pereira: «Isto está torto, a caminho de coisas ainda mais tortas!»


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