"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sábado, 1 de junho de 2013

Primaveras, Terra e deuses (1)

Sagração da Primavera (coreografia de Olga Roriz)

As forças subjacentes aos rituais pagãos representados na Sagração da Primavera são os mesmos que estão presentes nas máscaras ibéricas e nas pinturas de Graça Morais. Podem ser (são) rudes, brutais.
São as forças da Terra, da Floresta, do Norte, quer ele seja Ibérico ou Europeu.

Pinturas de Graça Morais - da série Desastres de Guerra e de Um Reino Maravilhoso.

«O eco de uma ordem estranha à sua harmonia interior desliza pela crosta das almas sem as perturbar. (...) Meta-se um cristão por qualquer dos caminhos que levam ao coração geográfico desse mundo encantado.
(...)
Um mundo! Um nunca acabar de terra grossa, fragosa, bravia, que tanto se levanta a pino num ímpeto de subir ao céu, como se afunda nuns abismos de angústia, não se sabe por que telúrica contrição.
Terra Quente e Terra Fria. Léguas e léguas de chão raivoso, contorcido, queimado por um sol de fogo ou por um frio de neve. Serras sobrepostas a serras. Montanhas paralelas a montanhas.
Nos intervalos, apertados entre os lapedos, rios de água cristalina, cantantes, a matar a sede de tanta aridez. (...)
Mas novamente o granito protesta. Novamente nos acorda para a força modelar de tudo. E são outra vez serras, até perder de vista.»
Miguel Torga, Um reino Maravilhoso (Trás-os-Montes)




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