"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

terça-feira, 11 de junho de 2013

O Grupo do Leão

Revi no Domingo, no Museu Nacional de Arte Contemporânea, a pintura d'O Grupo do Leão.
E fui rever a sua história, a propósito de Fialho de Almeida, pois tinha passado os olhos por um escrito que falava da sua ausência no quadro de Columbano.


O Grupo do Leão constituiu-se em 1881, incluindo artistas plásticos e literatos, como D. João da Câmara, Abel Botelho, Cesário Verde e Fialho de Almeida.
Escreveu este último que "(...) o grupo chamou-se do Leão por causa de um café da rua do Príncipe, onde às noites iam cavaquear e beber cerveja, artistas nele incorporados (...)"
Boa parte dos pintores - Silva Porto (o principal impulsionador do grupo), Malhoa, Moura Girão, João Vaz, Cipriano Martins, António Ramalho - integrava-se na corrente naturalista que Fialho de Almeida e Cesário Verde criticavam por entenderem que a arte não deve ser uma cópia da natureza. A arte deveria ser, palavras de Fialho, "a expressão roaz do pensamento".

Em 1885, a cervejaria teve obras que a transformaram no café-restaurante Leão (o d'Ouro seria acrescentado posteriormente), que ainda hoje tem portas abertas na rua 1.º de Dezembro, pertíssimo da Estação do Rossio. O grupo colaborou na decoração do novo espaço, produzindo um conjunto de obras para as suas paredes.
A mais famosa dessas pinturas foi a de Columbano, O Grupo do Leão, e esteve no restaurante até 1945, data em que foi adquirida pelo Museu.

Desenho de João Ribeiro Cristino, um dos elementos do grupo, representando o interior
do restaurante na época da sua reabertura, a 15 de Abril de 1885.
Junto à margem esquerda, o quadro de Columbano.
O desenho foi publicado na 1.ª página
da revista  Occidente (Maio de 1885).
Uma das curiosidades do quadro de Columbano é a inclusão, quase exclusiva, dos artistas plásticos - os "críticos" Cesário e Fialho não estão presentes no grupo de convivas - também é verdade que não há qualquer literato representado.
Ribeiro Cristino exclui-se de se representar no seu desenho (é o primeiro da esquerda, em pé, na pintura).
Columbano pinta o quadro e inclui-se a si próprio (de cartola, em pé, à direita, atrás do seu irmão, Rafael).

O Grupo do Leão realizou várias exposições entre 1881 - ano da Exposição de Quadros Modernos , na antiga sede da Sociedade de Geografia - e 1888-89, altura em que se dissolveu.
Na pintura, segundo Rui Mário Gonçalves, (o editor ?) Alberto de Oliveira, de pé e inclinado sobre a mesa, mostraria a Silva Porto o catálogo para uma exposição do grupo, que ele próprio organizara.

Identificação dos convivas
Há publicações em que a figura aqui identificada como sendo
o criado Dias é identificada como sendo o dono do Leão  
O Leão (data desconhecida, mas ainda seria no período
da monarquia - a rua tem a designação de Rua do Príncipe).
Destaque para a designação "Café Restaurante"
em detrimento de cervejaria
Reprodução do quadro de Columbano no interior do actual
Leão  d' Ouro,  no local onde teria estado o original

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